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Capítulo 5 — Salvo para servir
Manhã, no Mar da Galiléia. Jesus e Seus discípulos chegaram
à praia depois de uma noite tempestuosa sobre as águas, e a luz
do sol nascente banha a terra e o mar como a bênção da paz. Ao
saltarem na praia, porém, são recebidos por um espetáculo mais
terrível que o mar agitado pela tempestade. De lugares ocultos por
entre os túmulos, dois loucos precipitam-se sobre eles, como se os
quisessem despedaçar. Pendem-lhes em volta restos de correntes
que quebraram para escapar da prisão. Sua carne está dilacerada e
sangrenta, os olhos brilham dentre o longo e emaranhado cabelo; o
próprio aspecto humano parece haver-se neles apagado. Têm mais a
aparência de animais selvagens que de homens.
Os discípulos e seus companheiros fogem aterrorizados; mas
logo percebem que Jesus não Se acha entre eles, e voltam-se à Sua
procura. Ele está no mesmo lugar em que O deixaram. Aquele que
fizera silenciar a tempestade, que havia anteriormente enfrentado
e vencido a Satanás, não foge diante desses demônios. Quando os
homens, rangendo os dentes e espumando, se aproximam dEle, Jesus
ergue aquela mão que, num gesto, impusera calma aos vagalhões, e
eles não se podem aproximar mais. Estacam perante Ele, furiosos,
mas impotentes.
Com autoridade ordena aos espíritos imundos que saiam deles.
Os infelizes homens compreendem estar ali perto Alguém que os
pode salvar dos atormentadores demônios. Caem aos pés do Salva-
dor para suplicar misericórdia; mas, quando os lábios se abrem, os
demônios falam por eles, bradando: “Que temos nós contigo, Jesus,
Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?”
Mateus
8:29
.
Os maus espíritos são forçados a libertar suas vítimas, e aos
possessos sobrevém uma transformação maravilhosa. A luz brilha
em sua mente. Os olhos iluminam-se de inteligência. A fisionomia
por tanto tempo desfigurada à semelhança de Satanás torna-se de
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