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Capítulo 26 — Métodos de ensino
“Para dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom
siso.”
Durante séculos a educação tem tido que ver especialmente
com a memória. Esta faculdade foi sobrecarregada ao extremo,
enquanto outras faculdades mentais não foram desenvolvidas de
maneira correspondente. Os estudantes têm empregado seu tempo
em entulhar laboriosamente o espírito de conhecimentos, dos quais
pouco poderiam utilizar. A mente, carregada desta maneira com
aquilo que ela não pode digerir e assimilar, enfraquece-se; torna-se
incapaz de um esforço vigoroso e confiante em si, e contenta-se com
depender do juízo e percepção de outrem.
Notando os inconvenientes deste método, alguns têm ido para
o outro extremo. Segundo sua opinião, o homem necessita apenas
desenvolver aquilo que tem dentro de si. Tal educação conduz o
estudante à presunção, separando-o assim da fonte do verdadeiro
poder e conhecimento.
A educação que consiste no exercício da memória, com a tendên-
cia de descoroçoar o pensamento independente, tem uma influência
moral que é pouco tomada em conta. Ao sacrificar o estudante a
faculdade de raciocinar e julgar por si mesmo, torna-se incapaz de
discernir entre a verdade e o erro, e cai fácil presa do engano. É
facilmente levado a seguir a tradição e o costume.
É um fato largamente ignorado, ainda que não deixe de haver
sempre perigo nisso, que o erro raramente aparece como aquilo que
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realmente é. É misturando-se com a verdade ou apegando-se a ela,
que alcança aceitação. O comer da árvore da ciência do bem e do
mal causou a ruína de nossos primeiros pais, e a aceitação da mistura
do bem e do mal é hoje a ruína de homens e mulheres. O espírito
que confia no juízo de outrem, mais cedo ou mais tarde será por
certo transviado.
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