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Pedro liberto da prisão
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Liberto por um anjo
Na última noite antes da execução, um poderoso anjo, enviado
do Céu, desceu para resgatá-lo. As vigorosas portas que encerravam
o santo de Deus abrem-se sem auxílio de mãos humanas; o anjo
do Altíssimo por elas penetra, fechando-se as portas sem ruído
por trás dele. Ele entra na cela, aberta na sólida rocha, e ali está
Pedro dormindo o abençoado, pacífico sono da inocência e perfeita
confiança em Deus, ligado por cadeias a vigorosos guardas, um
de cada lado. A luz que envolve o anjo ilumina a prisão, mas não
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desperta o adormecido apóstolo. Este é o repouso profundo que
revigora e renova e que provém de uma boa consciência.
Pedro não despertou antes de sentir o toque da mão do anjo
e ouvir sua voz dizendo: “Levanta-te depressa.” Ele vê sua cela,
que jamais havia sido abençoada com um raio de Sol, iluminada
pela luz celestial, e um anjo de grande glória em pé diante dele.
Maquinalmente obedece à ordem do anjo e, como ao se levantar
erguesse as mãos, verifica que as cadeias lhe caíram dos pulsos. De
novo a voz do anjo é ouvida: “Cinge-te, e calça as tuas sandálias.”
De novo Pedro maquinalmente obedece, conservando o admi-
rado olhar voltado para o visitante e crendo estar sonhando ou em
visão. Os guardas armados estão imóveis como esculpidos no már-
more, quando mais uma vez o anjo ordena: “Põe a tua capa, e segue-
me.” A seguir o ser celestial move-se em direção à porta, e Pedro,
usualmente loquaz, segue-o agora mudo de espanto. Cruzam pela
guarda imóvel e chegam à porta, pesadamente aferrolhada, que por
si mesma se abre, e imediatamente se fecha de novo, enquanto os
guardas dentro e fora estão imóveis em seus postos.
Alcançam a segunda porta, também guardada por dentro e por
fora; ela se abre como a primeira, sem ranger de dobradiças ou
barulho dos fechos de ferro. Passam por ela e novamente se fecha
também sem ruído. De modo idêntico passam pela terceira porta, e
acham-se em plena rua. Não se troca uma palavra; não há ruído de
passos. O anjo se move suavemente diante de Pedro, cercado de uma
luz de deslumbrante brilho, e Pedro, confuso, e julgando-se ainda
em sonho, segue o seu libertador. Percorrem rua após rua, e então,
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cumprida a missão do anjo, desaparece ele subitamente.