Página 237 - Hist

Basic HTML Version

Pedro liberto da prisão
233
para buscarem a Pedro, que devia ser trazido com grande aparato
de guardas e armas, não apenas para se evitar possível fuga, como
também para intimidar os simpatizantes e exibir seu próprio poder.
Havia a guarda à porta da prisão, os ferrolhos e barras ainda estavam
intatos, a guarda no interior, as cadeias presas aos pulsos dos dois
soldados; mas o prisioneiro desaparecera.
A recompensa de Herodes
Quando o relatório dessas coisas foi trazido a Herodes, ele ficou
exasperado, e acusou os guardas da prisão de infidelidade. Foram
conseqüentemente condenados à morte pelo alegado crime de terem
dormido em seu posto. Ao mesmo tempo Herodes sabia que nenhum
poder humano havia livrado a Pedro, mas estava decidido a não
reconhecer que um poder divino estivera em operação para lhe
frustrar os vis desígnios. Não se humilharia dessa maneira, e colocou-
se em ousado desafio a Deus.
[298]
Não muito tempo depois do livramento de Pedro da prisão,
Herodes desceu da Judéia a Cesaréia e ali se deteve. Fez uma grande
festa, destinada a provocar admiração e aplausos do povo. Tal festa
foi assistida pelos amantes do prazer de todas as regiões, e houve
muita glutonaria e bebedice. Herodes fez uma suntuosa aparição
diante do povo. Vestido em roupas em que rebrilhavam prata e ouro,
os raios do Sol refletindo em suas luminosas dobras, deslumbravam
os olhos dos que o contemplavam. Com grande pompa e cerimônia
ergueu-se perante a multidão e dirigiu-lhe um eloqüente discurso.
A majestade de sua aparência e a força de sua linguagem bem es-
colhida dominaram a assembléia com poderosa influência. Estando
já seus sentidos pervertidos pelo comer e beber, ficaram deslum-
brados pela resplandecente ornamentação de Herodes, e encantados
pelo seu porte e oratória; e, possuídos de selvagem entusiasmo,
cumulavam-no de lisonja, proclamando-o um deus, declarando que
nenhum mortal podia apresentar igual aparência ou possuir tão im-
pressionante eloquência de linguagem. Declararam mais que, con-
quanto o houvessem sempre respeitado como governador, dali em
diante o adorariam como a um deus.
Herodes sabia que não merecia nenhum dos louvores e homena-
gens; todavia, não censurou a idolatria do povo, aceitando-a como