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História da Redenção
em ouvi-lo. Era já poderoso nas Escrituras, e sobre ele repousava
a graça de Deus. Sua eloqüência cativava os ouvintes, a clareza e
poder com que apresentava a verdade levavam-nos à convicção, e
seu profundo fervor tocava os corações.
Um líder em reforma
Na providência de Deus ele decidiu visitar Roma. Uma indulgên-
cia fora prometida pelo papa a todos quantos subissem de joelhos
a conhecida escada de Pilatos. Lutero estava certo dia realizando
este ato, quando subitamente, uma voz semelhante a trovão pare-
ceu dizer-lhe: “O justo viverá por fé.” Ergueu-se sobre seus pés, e
envergonhado e horrorizado deixou rapidamente o cenário de sua
loucura. Esse texto nunca perdeu a força sobre sua alma. Desde
aquele tempo, viu mais claramente do que nunca dantes a falácia de
se confiar nas obras humanas para a salvação, e a necessidade de
fé constante nos méritos de Cristo. Tinham-se-lhe aberto os olhos,
e nunca mais se deveriam fechar aos enganos satânicos do papado.
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Quando ele deu as costas a Roma, também dela volveu o coração,
e desde aquele tempo o afastamento se tornou cada vez maior, até
romper todo contato com a igreja papal.
Depois de voltar de Roma, Lutero recebeu na Universidade de
Wittemberg o grau de doutor em Teologia. Estava agora na liber-
dade de se dedicar, como nunca dantes, às Escrituras que ele amava.
Fizera solene voto de estudar cuidadosamente a Palavra de Deus e
todos os dias de sua vida pregá-la com fidelidade, e não os dizeres e
doutrinas dos papas. Não mais era o simples monge ou professor,
mas o autorizado arauto da Bíblia. Fora chamado para pastor a fim
de alimentar o rebanho de Deus, que tinha fome e sede da verdade.
Declarava firmemente que os cristãos não deveriam receber outras
doutrinas senão as que se apóiam na autoridade das Sagradas Escri-
turas. Estas palavras feriram o próprio fundamento da supremacia
papal. Continham o princípio vital da Reforma.
Entra Lutero, ousadamente, em sua obra como campeão da ver-
dade. Sua voz era ouvida do púlpito em advertência ardorosa e
solene. Expôs ao povo o caráter ofensivo do pecado, ensinando-lhes
ser impossível ao homem, por suas próprias obras, diminuir as cul-
pas ou fugir ao castigo. Nada, a não ser o arrependimento para com