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O dilúvio
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Sete dias esteve a família de Noé na arca antes que a chuva
começasse a descer sobre a Terra.
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Foi nesse tempo que eles fizeram as adaptações para a sua longa
permanência, enquanto as águas estivessem sobre a Terra. E estes fo-
ram dias de divertimento blasfemo da multidão incrédula. Pensavam,
porque a profecia de Noé não se cumprira imediatamente depois de
sua entrada na arca, que ele estava enganado e que era impossível
que o mundo pudesse ser destruído por um dilúvio. Antes disto não
tinha havido chuva sobre a Terra. Um vapor erguia-se das águas, que
Deus fazia voltar à noite como orvalho, para reviver a vegetação e
levá-la a florescer.
Não obstante a solene exibição do poder de Deus que tinham
testemunhado — a inusitada ocorrência dos animais deixando as
florestas e campos e entrando na arca, o anjo de Deus vestido de luz
deslumbrante e em terrível majestade descendo do Céu e cerrando a
porta — ainda endureceram o coração e continuaram a divertir-se e
zombar das notáveis manifestações do poder divino.
A tempestade irrompe
Mas, ao oitavo dia o céu escureceu. O ribombo do trovão e o
vívido resplendor dos relâmpagos começaram a terrificar os homens
e animais. A chuva caía das nuvens sobre eles. Isto era algo que
nunca tinham visto, e seu coração desmaiava de temor. Os animais
vagueavam de um lado para outro no mais desenfreado terror, e seus
gritos discordantes pareciam lamentar seu próprio destino e a sorte
dos homens. A violência da tempestade aumentou até que a água
parecia cair do céu como poderosas cataratas. As margens dos rios
se rompiam, e as águas inundavam os vales. Os fundamentos do
grande abismo também se partiram. Jatos de água irrompiam da
terra com força indescritível, arremessando pedras maciças a muitos
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metros para o ar, que ao caírem, sepultavam-se profundamente no
solo.
O povo viu a princípio a destruição das obras de suas mãos. Seus
esplêndidos edifícios, e os belos jardins e bosques em que haviam
colocado seus ídolos, eram destruídos pelos raios do céu, e as ruínas
se espalhavam por toda parte. Tinham erigido altares nos bosques,
consagrados aos seus ídolos, sobre os quais ofereciam sacrifícios