Página 168 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Capítulo 18 — A noite de luta
Este capítulo é baseado em
Gênesis 32-33
.
Se bem que Jacó houvesse saído de Padã-Arã em obediência à
instrução divina, não foi sem muitos pressentimentos que repassou
a estrada que havia palmilhado como fugitivo vinte anos antes. Seu
pecado por ter enganado seu pai estava sempre diante dele. Sabia
que seu longo exílio era o resultado direto daquele pecado, e ponde-
rava nestas coisas dia e noite, tornando muito triste a sua jornada as
exprobrações de uma consciência acusadora. Ao aparecerem as coli-
nas de sua terra natal diante dele, à distância, o coração do patriarca
moveu-se profundamente. Todo o passado surgiu vividamente diante
dele. Com a lembrança de seu pecado veio também o pensamento
do favor de Deus para com ele, e as promessas de auxílio e guia
divinos.
Aproximando-se mais do fim de sua viagem, a lembrança de
Esaú trouxe muitos pressentimentos perturbadores. Depois da fuga
de Jacó, Esaú considerou-se como único herdeiro das posses de
seu pai. A notícia da volta de Jacó despertaria o temor de que ele
viesse para reclamar a herança. Esaú era agora capaz de fazer grande
mal a seu irmão, se estivesse disposto a tal, e poderia ser levado à
violência contra ele, não somente pelo desejo de vingança, mas a
fim de, tranqüilamente, obter a posse da riqueza que durante tanto
tempo havia considerado como sua.
De novo o Senhor concedeu a Jacó um sinal do cuidado divino.
Enquanto ele viajava do Monte Gileade, em direção ao sul, dois
exércitos de anjos celestiais pareciam cercá-lo, atrás e adiante, avan-
çando com o seu grupo, como que para protegê-los. Jacó lembrou-se
da visão em Betel tanto tempo antes, e o coração sobrecarregado se
lhe tornou mais leve com esta prova de que os mensageiros divinos
que lhe haviam trazido esperança e coragem em sua fuga de Canaã,
deveriam ser os guardas de sua volta. E ele disse: “Este é o exér-
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