A tentação e a queda
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dicações da mesma para com ele; e do homem se exige inabalável
obediência.
Semelhantes aos anjos, os moradores do Éden haviam sido postos
sob prova; seu feliz estado apenas poderia ser conservado sob a
condição de fidelidade para com a lei do Criador. Poderiam obedecer
e viver, ou desobedecer e perecer. Deus os fizera receptáculos de
ricas bênçãos; mas, se desatendessem a Sua vontade, Aquele que não
poupou os anjos que pecaram, não os poderia poupar; a transgressão
privá-los-ia de seus dons, e sobre eles traria miséria e ruína.
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Os anjos os advertiram a que estivessem de sobreaviso contra
os ardis de Satanás; pois seus esforços para os enredar seriam in-
cansáveis. Enquanto fossem obedientes a Deus, o maligno não lhes
poderia fazer mal; pois sendo necessário, todos os anjos do Céu
seriam enviados em seu auxílio. Se com firmeza repelissem suas
primeiras insinuações, estariam tão livres de perigo como os men-
sageiros celestiais. Se, porém, cedessem uma vez à tentação, sua
natureza se tornaria tão depravada que não teriam em si poder nem
disposição para resistir a Satanás.
A árvore da ciência se tornara a prova de sua obediência e amor
a Deus. O Senhor achara conveniente não lhes impor senão uma
proibição quanto ao uso de tudo que estava no jardim; mas, se desa-
tendessem a Sua vontade neste particular, incorreriam na culpa de
transgressão. Satanás não os acompanharia com tentações contínuas;
poderia ter acesso a eles unicamente junto à árvore proibida. Se eles
tentassem examinar a natureza da mesma, estariam expostos aos seus
ardis. Foram admoestados a dar cuidadosa atenção à advertência que
Deus lhes enviara, e estarem contentes com as instruções que Ele
achara conveniente comunicar-lhes.
A fim de realizar a sua obra sem que fosse percebido, Satanás
preferiu fazer uso da serpente como médium, disfarce este bem
adaptado ao seu propósito de enganar. A serpente era então uma
das mais prudentes e belas das criaturas da Terra. Tinha asas, e
enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho
deslumbrante, tendo a cor e o brilho de ouro polido. Pousando nos
ramos profusamente carregados da árvore proibida, e saboreando
o delicioso fruto, era seu objetivo chamar a atenção e deleitar os
olhos de quem a visse. Assim, no jardim da paz emboscava-se o
destruidor, a observar a sua presa.