A rocha ferida
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e honrado, não o desculpará em outros. O espírito de exaltação pró-
pria, a disposição para censurar os irmãos, são desagradáveis a Deus.
Os que condescendem com a prática destes males lançam dúvida
sobre a obra de Deus, e dão aos céticos uma desculpa para a sua in-
credulidade. Quanto mais importante é a posição de alguém, e maior
sua influência, maior é a necessidade de que cultive a paciência e a
humildade.
Se os filhos de Deus, especialmente os que ocupam posições de
responsabilidade, puderem ser levados a tomar para si a glória que
é devida a Deus, Satanás exultará. Terá alcançado uma vitória. Foi
assim que ele caiu. Nesse ponto alcança ele mais êxito do que em
outro qualquer, ao tentar outros à ruína. É para pôr-nos de sobreaviso
contra seus ardis que Deus deu em Sua Palavra tantas lições que
ensinam o perigo da exaltação própria. Não há um impulso de nossa
natureza, nem uma faculdade do espírito ou inclinação do coração,
que não necessite achar-se a todo o instante sob a direção do Espírito
de Deus. Não há uma bênção que Deus confira ao homem, nem
uma provação que permita recair sobre ele, de que Satanás não
possa e não queira prevalecer-se para tentar, perturbar e destruir a
alma, se lhe dermos a menor vantagem. Portanto, por maior que
seja a luz espiritual de alguém, por mais que obtenha do favor e
bênção de Deus, deve andar sempre humildemente perante o Senhor,
rogando pela fé que Deus lhe dirija todo o pensamento e domine
todo impulso.
Todos os que professam piedade estão sob a mais sagrada obri-
gação de guardar o espírito, e exercitar o domínio próprio sob a
maior provocação. Os encargos colocados sobre Moisés eram muito
grandes; poucos homens serão tão severamente provados como ele
foi; contudo, isto não lhe permitiria desculpar o pecado. Deus fez
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amplas provisões para Seu povo; e, se depositarem confiança em Sua
força, jamais se tornarão o joguete das circunstâncias. A tentação
mais forte não pode desculpar o pecado. Por maior que seja a pressão
exercida sobre a alma, a transgressão é o nosso próprio ato. Não está
no poder da Terra nem do inferno compelir alguém a fazer o mal.
Satanás ataca-nos em nossos pontos fracos, mas não é o caso de
sermos vencidos. Por mais severo ou inesperado que seja o ataque,
Deus nos proveu auxílio e em Sua força podemos vencer.
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