Página 601 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Capítulo 63 — Davi e Golias
Este capítulo é baseado em
1 Samuel 16:14-23
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Quando o rei Saul compreendeu que havia sido rejeitado por
Deus, e quando sentiu a força das palavras de acusação que tinham
sido dirigidas a ele pelo profeta, encheu-se de amargurada rebelião
e desespero. Não era o verdadeiro arrependimento que curvava a ca-
beça orgulhosa do rei. Ele não tinha uma percepção clara do caráter
ofensivo de seu pecado, e não se entregou ao trabalho de reformar
sua vida, mas preocupava-se com o que julgava ser uma injustiça
de Deus despojando-o do trono de Israel, e tirando de sua posteri-
dade a sucessão. Estava sempre preocupado antevendo a ruína que
havia sido acarretada sobre sua casa. Entendia que o valor que tinha
ostentado no encontro com seus inimigos, removeria seu pecado
de desobediência. Não aceitou com mansidão o castigo de Deus;
mas desesperou-se o seu espírito altivo até que ele ficou a ponto de
quase perder a razão. Seus conselheiros sugeriram-lhe procurar os
serviços de um músico hábil, na esperança de que as notas calmantes
de um instrumento suave lhe serenassem o espírito perturbado. Na
providência de Deus, Davi, como hábil executor de harpa, foi trazido
perante o rei. Seus acordes sublimes e de inspiração celestial tiveram
o desejado efeito. A acalentada melancolia que, semelhante a uma
nuvem negra, se fixara no espírito de Saul, desapareceu como por
encanto.
Quando seus serviços não eram exigidos na corte de Saul, Davi
voltava aos seus rebanhos entre as colinas, e continuava a manter
sua simplicidade de espírito e maneiras. Quando quer que fosse
necessário, era novamente chamado para servir perante Saul, a fim de
suavizar a mente do conturbado rei até que o espírito mau se afastasse
dele. Mas, embora Saul exprimisse seu deleite pela presença de Davi
e pela sua música, o jovem pastor ia da casa do rei aos campos e
colinas de suas pastagens com uma sensação de alívio e alegria.
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