Página 652 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
vós do Senhor, que fizestes tal beneficência a vosso senhor, a Saul, e
o sepultastes! Agora, pois, o Senhor use convosco de beneficência
e fidelidade; e também eu vos farei este bem”.
2 Samuel 2:5, 6
. E
anunciou sua subida ao trono de Judá, e pediu fidelidade por parte
daqueles que haviam mostrado tão sincera lealdade.
Os filisteus não se opuseram à ação de Judá, tornando a Davi
rei. Eles o haviam favorecido em seu exílio, a fim de molestar e
enfraquecer o reino de Saul; e agora esperavam que por causa de
sua anterior bondade para com Davi, a extensão do poder deste
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resultaria, afinal, em proveito deles. Mas o reinado de Davi não
estaria livre de dificuldades. Com a sua coroação começou o negro
registro de conspirações e rebeliões. Davi não sentou no trono de um
traidor. Deus o escolhera para ser rei de Israel, e não tinha havido
motivo para desconfiança e oposição. No entanto, mal havia sido
sua autoridade reconhecida pelos homens de Judá, quando, pela
influência de Abner, foi Isbosete, filho de Saul, proclamado rei e
posto sobre um trono rival em Israel.
Isbosete não era senão um representante fraco e incompetente da
casa de Saul, ao passo que Davi estava preeminentemente qualificado
para assumir as responsabilidades do reino. Abner, o fator principal
no levantamento de Isbosete ao poder real, tinha sido comandante-
geral do exército de Saul, e era o homem mais distinto em Israel.
Abner sabia que Davi tinha sido designado pelo Senhor ao trono de
Israel; mas tendo-o tanto tempo afligido e perseguido, não estava
agora disposto a que o filho de Jessé sucedesse no reino em que
governara Saul.
As circunstâncias sob as quais Abner foi posto, serviram para
desenvolver seu verdadeiro caráter, e mostraram ser ele ambicioso
e sem escrúpulos. Tinha estado intimamente ligado a Saul, e fora
influenciado pelo espírito do rei para desprezar o homem que Deus
escolhera para reinar sobre Israel. Seu ódio aumentara pela censura
incisiva que Davi lhe fizera na ocasião em que a bilha de água e a
lança do rei foram tiradas de ao lado de Saul, enquanto ele dormia
no acampamento. Lembrava-se de como Davi tinha bradado aos
ouvidos do rei e do povo de Israel: “Porventura não és varão? e
quem há em Israel como tu, por que, pois, não guardaste tu o rei
teu senhor? [...] Não é bom isto, que fizeste; vive o Senhor, que sois
dignos de morte, vós que não guardastes a vosso senhor, o ungido