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Atos dos Apóstolos
testemunhas de Cristo jamais são postas de lado. Em saúde e na en-
fermidade, na vida e na morte, Deus ainda as usa. Quando, pela obra
de Satanás, os servos de Cristo foram perseguidos, seu ativo trabalho
embaraçado, quando lançados na prisão, ou arrastados ao cadafalso
ou à fogueira, foi que a verdade pôde alcançar maior triunfo. Ao
selarem essas fiéis criaturas seu testemunho com o próprio sangue,
pessoas até então em dúvida e incerteza, foram convencidas da dou-
trina de Cristo, e corajosamente tomaram sua posição ao lado dEle.
Da cinza dos mártires brotou abundante colheita para Deus.
O zelo e fidelidade de Paulo e seus cooperadores, não menos que
a fé e obediência desses conversos ao cristianismo, sob circunstân-
cias tão desalentadoras, constituem uma repreensão à negligência
e falta de fé no ministro de Cristo. O apóstolo e seus cooperadores
podiam ter argumentado que seria inútil chamar ao arrependimento
e à fé em Cristo os servos de Nero, sujeitos como se achavam a
violentas tentações, rodeados por empecilhos tremendos, e expostos
à mais dura oposição. Mesmo que fossem convencidos da verdade,
como poderiam prestar-lhe obediência? Mas Paulo não raciocinou
assim. Com fé, apresentou o evangelho a essas criaturas e, entre os
que o ouviram, alguns decidiram obedecer a qualquer preço. Não
obstante os obstáculos e perigos, aceitaram a luz e confiaram em
que Deus os ajudaria a fazer sua luz brilhar para outros.
Não somente houve conversos ganhos para a verdade na casa
de César mas, depois de sua conversão, eles permaneceram nessa
casa. Não se sentiram na liberdade de abandonar seu posto de dever
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por não lhes ser mais favorável o ambiente. A verdade os achara ali,
e ali permaneceram dando testemunho do poder transformador da
nova fé, através de sua vida e caráter mudados.
Alguém ainda está sendo tentado a fazer das circunstâncias uma
desculpa para não testificar de Cristo? Que esses considerem a situ-
ação dos discípulos na casa de César — a depravação do imperador
e a perversidade da corte. Dificilmente poderemos imaginar circuns-
tâncias mais desfavoráveis para uma vida religiosa, e que acarretam
maior sacrifício ou oposição do que as que enfrentaram esses conver-
sos. No entanto, em meio a dificuldade e perigos, eles mantiveram
sua fidelidade. Por causa de obstáculos que parecem insuperáveis
o cristão pode procurar esquivar-se de obedecer à verdade como é
em Jesus; mas não pode oferecer escusa que resista à investigação.