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Atos dos Apóstolos
panheiros, em temor e pasmo “guiando-o pela mão, o conduziram a
Damasco”.
Atos dos Apóstolos 9:8
.
Na manhã desse acidentado dia, Saulo tinha-se aproximado de
Damasco com sentimentos de presunção por causa da confiança nele
depositada pelos principais dos sacerdotes. Havia sido confiada a
ele grande responsabilidade. Fora comissionado para promover os
interesses da religião judaica, impedindo, se possível, a disseminação
da nova fé em Damasco. Determinara que sua missão seria coroada
de êxito e, com ávida antecipação, olhava as experiências que o
aguardavam.
Quão diferente do que imaginara foi sua entrada na cidade! Fe-
rido de cegueira, desorientado, torturado pelo remorso, não sabendo
se outros juízos o aguardavam ainda, procurou ali a casa do discípulo
Judas, onde, em solidão, teve ampla oportunidade para refletir e orar.
Saulo “esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu”.
Atos
dos Apóstolos 9:9
. Esses dias de íntima agonia tiveram para ele
a duração de anos. Vezes sem conta ele recordava, com o espírito
angustiado, a parte que tinha desempenhado no martírio de Estêvão.
Com horror, pensava em sua culpa por se haver deixado contro-
lar pela maldade e preconceito dos sacerdotes e príncipes, mesmo
quando a face de Estêvão fora iluminada pelas radiações do Céu.
Com o espírito triste e quebrantado, reconsiderou as inúmeras vezes
que tinha fechado os olhos e os ouvidos às mais tocantes evidências,
e persistentemente incrementara a perseguição aos crentes em Jesus
de Nazaré.
Esses dias de exame de consciência e humilhação do coração
foram passados em reclusão íntima. Os crentes, tendo sido advertidos
dos propósitos de Saulo em vir a Damasco, temiam estivesse ele
fingindo, para mais facilmente iludi-los; e se mantinham arredios,
recusando-lhe sua simpatia. Ele não desejava apelar aos judeus não
convertidos, aqueles com quem planejara unir-se na perseguição aos
crentes; pois sabia que nem sequer dariam ouvidos a sua história.
Assim, parecia-lhe estar separado de toda a simpatia humana. Sua
única esperança de ajuda estava no misericordioso Deus, e para Ele
apelou com o coração quebrantado.
Durante as longas horas em que Saulo estivera fechado a sós
com Deus, relembrou muitos textos das Escrituras referentes ao
primeiro advento de Cristo. Com a memória aguçada pela convicção