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A Ciência do Bom Viver
Além destes apinhava-se a promíscua multidão, os fervorosos, os
reverentes, os curiosos e os incrédulos. Achavam-se representadas
diferentes nacionalidades e todos os graus sociais. “E a virtude do
Senhor estava com Ele para curar”.
Lucas 5:17
. O Espírito de vida
pairava sobre a assembléia, mas os fariseus e os doutores não Lhe
discerniam a presença. Não experimentavam nenhum sentimento de
necessidade, e a cura não era para eles. “Encheu de bens os famintos,
despediu vazios os ricos”.
Lucas 1:53
.
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Repetidamente procuraram os condutores do paralítico forçar
caminho por entre a multidão, mas nulos eram seus esforços. O
doente olhava em redor com inexprimível angústia. Como poderia
ele abandonar a esperança quando tão perto estava o anelado auxílio?
Por sugestão sua, os amigos o suspenderam para o telhado da casa
e, abrindo o teto, baixaram-no aos pés de Jesus.
O discurso foi interrompido. O Salvador contemplou a dolorosa
fisionomia, e viu os olhos súplices nEle cravados. Bem conhecia
Ele o anelo daquela alma oprimida. Fora Cristo quem lhe infundira
convicção à consciência quando ele ainda se achava na própria casa.
Quando se arrependera de seus pecados, e crera no poder de Jesus
para restaurá-lo, a misericórdia do Salvador lhe abençoara o coração.
Jesus observava o desenvolver-se no primeiro tênue raio de fé a
convicção de que Ele era o único auxílio do pecador, e a vira se
fortalecer a cada esforço por chegar à Sua presença. Fora Cristo que
atraíra o sofredor a Si. Agora, em palavras que soavam qual música
aos ouvidos atentos do enfermo, o Salvador disse: “Filho, tem bom
ânimo; perdoados te são os teus pecados”.
Mateus 9:2
.
O peso da culpa cai da alma do doente. Não pode duvidar. As
palavras de Cristo revelam Seu poder de ler o coração. Quem pode
negar Seu poder de perdoar pecados? A esperança toma o lugar do
desespero, e a alegria o do opressivo acabrunhamento. Desaparece o
sofrimento físico do homem, e todo o seu ser se acha transformado.
Sem mais nada pedir, repousa em tranqüilo silêncio, demasiado feliz
para falar.
Com a respiração suspensa de interessados que estavam, muitos
observavam cada gesto nesse estranho acontecimento. Muitos sen-
tiam que as palavras de Cristo eram um convite para eles mesmos.
Não eram eles enfermos da alma por causa do pecado? Não estavam
ansiosos de ser libertados desse fardo?