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A cura da alma
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Sua fingida reverência encobria uma trama astutamente urdida
para Sua ruína. Se Jesus absolvesse a mulher, seria acusado de
desprezar a lei de Moisés. Se a declarasse digna de morte, poderia
ser acusado aos romanos como alguém que pretendia autoridade que
unicamente a eles pertencia.
Jesus contemplou a cena — a trêmula vítima em sua vergonha,
a fisionomia dura dos dignitários, destituídos de simples piedade
humana. Seu espírito de imaculada pureza como que recuou do espe-
táculo. Sem dar nenhum sinal de haver ouvido a pergunta, curvou-Se
e, fixando os olhos no chão, pôs-Se a escrever na areia.
Impacientes com Sua demora e aparente indiferença, os acusado-
res aproximaram-se mais, insistindo em Lhe chamar a atenção para
o assunto. Mas, quando seus olhos, seguindo os de Jesus, caíram no
chão a Seus pés, suas vozes emudeceram. Ali, traçados diante deles,
achavam-se os criminosos segredos da vida de cada um.
Erguendo-Se, e fixando os olhos nos astuciosos anciãos, Jesus
disse: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro
que atire pedra contra ela”.
João 8:7
. E, inclinando-Se, continuou a
escrever.
Ele não pusera de lado a lei mosaica, nem desrespeitara a autori-
dade romana. Os acusadores foram derrotados. Agora, havendo-lhes
sido arrancadas as vestes de pretendida santidade, ali estavam, cul-
pados e condenados, em presença da infinita pureza. Tremendo, não
fosse a oculta iniqüidade de sua vida exposta perante a multidão,
cabisbaixos, retiraram-se furtivamente, deixando sua vítima com o
compassivo Salvador.
Jesus ergueu-Se e, olhando para a mulher, disse: “Onde estão
aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Nin-
guém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem Eu também te condeno; vai-te
e não peques mais”.
João 8:10, 11
.
A mulher estivera diante de Jesus toda encolhida de temor. Suas
palavras: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro
que atire pedra contra ela” (
João 8:7
), soaram-lhe aos ouvidos como
uma sentença de morte. Ela não ousava erguer os olhos para o
rosto do Salvador, mas esperava em silêncio sua condenação. Com
espanto viu os acusadores retirarem-se mudos e confundidos; en-
tão, chegaram-lhe ao ouvido aquelas palavras de esperança: “Nem
Eu também te condeno; vai-te e não peques mais”.
João 8:11
.
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