Página 215 - O Desejado de Todas as Na

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Em Cafarnaum
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Assim se passavam os dias na vida terrestre de Jesus. Muitas
vezes despedia os discípulos, a fim de visitarem o lar e repousar;
mas resistia-lhes brandamente aos esforços para O afastar de Seus
labores. O dia todo labutava Ele, ensinando o ignorante, curando o
enfermo, dando vista ao cego, alimentando a multidão; e na vigília
da noite, ou cedo de manhã, saía para o santuário das montanhas, em
busca de comunhão com Seu Pai. Passava por vezes a noite inteira a
orar e meditar, voltando ao raiar do dia ao Seu trabalho entre o povo.
De manhã cedo, Pedro e os companheiros foram ter com Jesus,
dizendo que já o povo de Cafarnaum O procurava. Os discípulos
tinham ficado amargamente decepcionados com a recepção que
Cristo tivera até então. As autoridades de Jerusalém O estavam
buscando matar; Seus próprios concidadãos Lhe tinham tentado
tirar a vida; mas em Cafarnaum era Ele recebido com jubiloso
entusiasmo, e as esperanças dos discípulos se reanimaram. Talvez
que, entre os galileus amantes de liberdade, se houvessem de achar
os sustentáculos do novo reino. Com surpresa, porém, ouviram as
Palavras de Cristo: “É necessário que Eu anuncie a outras cidades
o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado.” Na
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agitação que então dominava em Cafarnaum, havia perigo de que se
perdesse de vista o objetivo de Sua missão. Jesus não ficava satisfeito
de chamar a atenção meramente como operador de maravilhas ou
médico de enfermidades físicas. Buscava atrair os homens a Si como
seu Salvador. Ao passo que o povo estava ansioso de crer que Ele
viera como rei, para estabelecer um reino terrestre, Jesus desejava
desviar-lhes o espírito do terreno para o espiritual. O simples êxito
mundano estorvaria Sua obra.
E a admiração da descuidosa turba desagradava-Lhe ao espírito.
Em Sua vida não cabia nenhum amor-próprio. A homenagem que
o mundo presta à posição, à riqueza, ou ao talento, era coisa estra-
nha ao Filho do homem. Nenhum dos processos empregados pelos
homens para conseguir a obediência ou impor respeito, era usado
por Jesus. Séculos antes de Seu nascimento, fora dEle profetizado:
“Não clamará, não Se exaltará, nem fará ouvir a Sua voz na praça. A
cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em
verdade produzirá o juízo; não faltará nem será quebrantado, até que
ponha na Terra o juízo”.
Isaías 42:2-4
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