Página 219 - O Desejado de Todas as Na

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“Podes tornar-me limpo”
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examinassem o homem, declarando-o inteiramente livre da moléstia.
Embora de má vontade para realizar esse serviço, não se podiam
eximir ao exame e decisão do caso.
As palavras da Escritura mostram com que força Cristo adver-
tiu o homem quanto à necessidade de silêncio e ação pronta. “E
advertindo-o severamente, logo o despediu. E disse-lhe: Olha, não
digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece
pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de
testemunho”.
Mateus 1:43, 44
. Houvessem os sacerdotes sabido os
fatos concernentes à cura do leproso, e seu ódio para com Cristo os
teria levado a dar sentença desonesta. Jesus queria que o homem se
apresentasse no templo antes que qualquer rumor acerca do milagre
chegasse aos ouvidos deles. Assim se poderia obter uma decisão im-
parcial, sendo ao leproso purificado permitido mais uma vez unir-se
com a família e os amigos.
Tinha Cristo ainda outros intuitos ao recomendar silêncio ao
homem. O Salvador sabia que Seus inimigos estavam sempre bus-
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cando limitar-Lhe a obra, e desviar dEle o povo. Sabia que, se a
cura do leproso fosse propalada, outras vítimas dessa terrível doença
haviam de aglomerar-se em volta dEle, e então ergueriam o brado
de que o povo se contaminaria pelo contato com elas. Muitos dos
leprosos não empregariam o dom da saúde de modo a torná-la uma
bênção para si mesmos e para outros. E, atraindo a Si os leprosos,
acusá-Lo-iam de estar violando as restrições da lei ritual. E assim
seria prejudicada Sua obra quanto à pregação do evangelho.
O acontecimento justificava a advertência de Cristo. Uma multi-
dão de gente presenciara a cura do leproso, e estavam ansiosos de
ouvir a decisão dos sacerdotes. Quando o homem voltou para os ami-
gos, grande foi o despertamento. Não obstante a precaução de Jesus,
o homem não fez esforço nenhum para ocultar a cura. Na verdade,
impossível teria sido escondê-la, mas o leproso divulgou-a. Imagi-
nando que era somente a modéstia de Jesus que ditara essa restrição,
saiu proclamando o poder desse grande Restaurador. Não compre-
endia que toda manifestação dessa espécie tornava os sacerdotes
e anciãos mais decididos a eliminar a Jesus. O homem restaurado
sentia ser deveras preciosa a graça da saúde. Regozijou-se no vigor
da varonilidade, e no ser restituído à família e à sociedade, e julgava
ser impossível abster-se de dar glória ao Médico que o curara. Esse