Página 257 - O Desejado de Todas as Na

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O sermão da montanha
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As palavras de Cristo, todavia, abrangem mais que a isenção
da impureza sensual, mais que a ausência daquela contaminação
cerimonial que os judeus tão rigorosamente evitavam. O egoísmo
nos impede de ver a Deus. O espírito interesseiro julga a Deus igual
a si mesmo. Até que tenhamos renunciado a isso, não podemos
compreender Aquele que é amor. Unicamente o coração abnegado,
o humilde e fiel de espírito, verá a Deus como “misericordioso e
piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade”.
Êxodo
34:6
.
“Bem-aventurados os pacificadores.” A paz de Cristo provém da
verdade. É harmonia com Deus. O mundo está em inimizade com a
lei de Deus; os pecadores acham-se em inimizade com seu Criador;
e, em resultado, em inimizade uns com os outros. Mas o salmista
declara: “Muita paz têm os que amam a Tua lei, e para eles não há
tropeço”.
Salmos 119:65
. Os homens não podem fabricar a paz. Os
projetos humanos para purificação e reerguimento dos indivíduos ou
da sociedade, deixarão de produzir a paz, visto como não atingem o
coração. O único poder capaz de criar ou perpetuar a verdadeira paz,
é a graça de Cristo. Quando esta é implantada no coração, expele as
más paixões que causam luta e dissensão. “Em lugar do espinheiro
crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta” (
Isaías 55:13
);
e a vida deserta “exultará e florescerá como a rosa”.
Isaías 35:1
.
As multidões surpreendiam-se ante esses ensinos, tão diversos
dos preceitos e exemplos dos fariseus. O povo chegara a pensar que a
felicidade consistia na posse das coisas deste mundo, e que a fama e
honra dos homens eram muito de se cobiçar. Era muito grato alguém
ser chamado “Rabi”, e ser exaltado como sábio e religioso, vendo
suas virtudes exibidas perante o público. Isso devia ser considerado
a suprema felicidade. Mas, perante aquela numerosa multidão, Jesus
declarou que o lucro terrestre era toda a recompensa que essas
pessoas haviam de obter. Falava com segurança, e um convincente
poder apoiava-Lhe as palavras. O povo emudeceu, sendo tomado
de um sentimento de temor. Olhavam-se uns aos outros, duvidosos.
Quem dentre eles se salvaria, fossem verdadeiros os ensinos desse
homem? Muitos estavam convencidos de que esse notável Mestre
era movido pelo Espírito de Deus, e divinos eram os sentimentos
por Ele manifestados.