Página 291 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

“Cala-te, aquieta-te”
287
dois possessos haviam sido o terror da região. Ninguém se sentia
seguro ao passar por onde estavam, pois avançavam em cima de todo
viajante com fúria de demônios. Agora, esses homens achavam-se
vestidos e em perfeito juízo, sentados junto de Jesus, ouvindo-Lhe as
palavras e glorificando o nome dAquele que os curara. Mas o povo
que testemunhou essa admirável cena não se regozijou. A perda
dos porcos afigurava-se-lhes de maior importância que a libertação
desses cativos de Satanás.
Fora por misericórdia para com os donos desses animais, que
Jesus permitira lhes sobreviesse o prejuízo. Achavam-se absorvidos
em coisas terrestres, e não se importavam com os grandes interesses
da vida espiritual. Cristo desejava quebrar o encanto da indiferença
egoísta, a fim de Lhe poderem aceitar a graça. Mas o desgosto e a
indignação pela perda temporal cegou-os à misericórdia do Salvador.
A manifestação do poder sobrenatural despertou as superstições
do povo, despertando-lhes os temores. Novas calamidades seguir-
se-iam, se conservassem entre si esse Estranho. Suspeitaram de
ruína econômica, e decidiram livrar-se de Sua presença. Os que
atravessaram o lago com Jesus contaram tudo quanto sucedera na
noite anterior; seu perigo na tempestade, e de como o vento e o mar
se haviam aquietado. Suas palavras, porém, não produziram efeito.
Aterrorizado, o povo aglomerava-se em volta de Jesus, pedindo-Lhe
que Se afastasse deles, e concordou, tomando imediatamente o barco
para a outra margem.
O povo de Gergesa tinha diante de si o vivo testemunho do poder
e misericórdia de Cristo. Viam os homens a quem fora restituída a
razão; mas atemorizavam-se tanto com o risco para seus interesses
terrestres, que Aquele que vencera perante seus olhos o príncipe das
trevas foi tratado como intruso, e o Dom do Céu despedido de suas
portas. Não temos a oportunidade de nos desviar da pessoa de Cristo
como aconteceu aos gergesenos; há, porém, ainda muitos que Lhe
recusam obedecer a palavra, por isso que a obediência representaria
o sacrifício de algum interesse mundano. Para que Sua presença não
ocasione perda financeira, rejeitam-Lhe muitos a graça e afugentam
de si o Seu Espírito.
Muito diverso, todavia, foi o sentimento dos restabelecidos en-
demoninhados. Desejavam a companhia de seu Libertador. Em Sua
presença, sentiam-se seguros contra os demônios que lhes haviam