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O Desejado de Todas as Nações
fossem a necessidade, seria sacrilégio dar ao pai ou à mãe qualquer
parte do que fora assim consagrado. Um filho desobediente só tinha
que proferir a palavra “Corbã” acerca de seus bens, dedicando-os
assim a Deus, e podê-los-ia conservar enquanto vivesse, e por sua
morte ficariam pertencendo ao serviço do templo. Estava assim,
tanto em vida como na morte, na liberdade de desonrar e prejudicar
os pais, sob a capa de pretendida devoção a Deus.
Nunca, por palavra ou ato, diminuiu Jesus a obrigação do homem
de apresentar dádivas e ofertas a Deus. Fora Cristo que dera todas
as instruções da lei quanto a dízimos e ofertas. Quando na Terra,
louvou a mulher pobre que deu ao tesouro do templo tudo que tinha.
Mas o aparente zelo dos sacerdotes e rabis, era um fingimento para
acobertar seu desejo de se engrandecerem. O povo era enganado
por eles. Estava suportando pesados encargos que Deus lhe não
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impusera. Os próprios discípulos de Cristo não estavam libertos,
inteiramente, do jugo sobre eles posto pelos preconceitos herdados
e pela autoridade dos rabinos. Manifestando agora o verdadeiro
espírito desses rabis, buscava Cristo livrar da escravidão da tradição
todos quantos na verdade desejassem servir a Deus.
“Hipócritas”, disse Ele dirigindo-Se aos espias, “bem profetizou
Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-Me com os seus
lábios, mas o seu coração está longe de Mim. Mas em vão Me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” As
palavras de Cristo eram uma acusação a todo o sistema de farisaísmo.
Declarou que, pondo suas próprias exigências acima dos preceitos
divinos, os rabis se estavam colocando acima de Deus.
Os delegados de Jerusalém encheram-se de raiva. Não podiam
acusar a Cristo de transgressor da lei dada no Sinai, pois Ele falava
como defensor da mesma, contra as tradições deles. Os grandes pre-
ceitos da lei, apresentados por Ele, apareciam em chocante contraste
com as insignificantes regras de origem humana.
Ao povo, e depois, mais plenamente, aos discípulos, Jesus ex-
plicou que a contaminação não procede do exterior, mas do interior.
Pureza e impureza pertencem à alma. É o mau ato, a palavra ou o
pensamento mau, a transgressão da lei de Deus, não a negligência
de cerimônias externas criadas pelo homem, o que contamina.
Os discípulos notaram a cólera dos espias, ao serem expostos
seus falsos ensinos. Viram os olhares zangados e ouviram as pala-