Página 347 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

Barreiras derrubadas
343
ricos ou pobres os que Lhe vão pedir ajuda. Decidiu não perder sua
única esperança.
Cristo conhecia a situação dessa mulher. Sabia que O anelava
ver, e colocara-Se-lhe no caminho. Mitigando-lhe a dor, poderia dar
viva representação do que pretendia ensinar. Para esse fim levara os
discípulos àquele lugar. Desejava que vissem a ignorância existente
em aldeias e cidades vizinhas da terra de Israel. O povo a quem
se dera todo o ensejo de compreender a verdade, desconhecia as
necessidades dos que os rodeavam. Esforço algum se fazia para
[280]
ajudar as almas em trevas. O muro de separação, criado pelo orgulho
judaico, impedia os próprios discípulos de se compadecerem do
mundo pagão. Cumpria, porém, quebrar essas barreiras.
Cristo não atendeu imediatamente à súplica da mulher. Recebeu
essa representante de uma raça desprezada, como o teriam feito os
próprios judeus. Assim procedendo, era Seu intuito impressionar
os discípulos quanto à maneira fria e insensível com que os judeus
tratariam um caso assim, ilustrando-o com o acolhimento dispen-
sado à mulher; e quanto ao modo compassivo por que desejava que
tratassem com essas aflições, segundo o exemplificou na atenção
que posteriormente lhe deu ao pedido.
Mas embora Jesus não respondesse, a mulher não perdeu a fé.
Passando Ele, como se a não ouvisse, seguiu-O, continuando em
suas súplicas. Aborrecidos com sua importunação, os discípulos
pediram a Jesus que a despedisse. Viram que o Mestre a tratava com
indiferença e daí julgaram que os preconceitos dos judeus contra
os cananeus Lhe agradavam. Aquele a quem a mulher dirigia seus
rogos, porém, era um compassivo Salvador e, em resposta ao pedido
dos discípulos, disse Jesus: “Eu não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel.” Se bem que essa resposta parecesse em
harmonia com o preconceito dos judeus, era uma tácita reprovação
aos discípulos, o que vieram a compreender posteriormente, como
a lembrar-lhes o que lhes dissera muitas vezes — que Ele viera ao
mundo para salvar a todos quantos O aceitassem.
Com crescente ardor insistia a mulher em sua necessidade,
inclinando-se aos pés de Cristo e clamando: “Senhor, socorre-me!”
Aparentemente ainda lhe desprezando as súplicas, segundo o insen-
sível preconceito judaico, respondeu Jesus: “Não é bom pegar no
pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.” Com isso afirmava, por