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O Desejado de Todas as Nações
viram um ensejo de lançar descrédito sobre Ele. No coletor dos
tributos encontraram um ponto aliado.
Pedro viu na pergunta do dito funcionário uma insinuação quanto
à lealdade de Cristo ao templo. Zeloso da honra do Mestre, respon-
deu precipitadamente, sem O consultar, que Jesus pagaria o tributo.
Mas Pedro não compreendeu senão em parte o intuito do que
o interrogava. Havia algumas classes consideradas isentas do pa-
gamento do tributo. No tempo de Moisés, quando os levitas foram
separados para o serviço do santuário, não lhes foi dada herança en-
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tre o povo. O Senhor disse: “Levi com seus irmãos não têm parte na
herança; o Senhor é a sua herança”.
Deuteronômio 10:9
. Nos dias de
Cristo, os sacerdotes e levitas eram ainda tidos como especialmente
consagrados ao templo, não lhes sendo exigida a contribuição anual
para a manutenção do mesmo. Também os profetas estavam isentos
desse pagamento. Requerendo tributo de Jesus, os rabis punham à
margem Seus direitos como profeta e mestre, e tratavam-nO como
uma pessoa comum. A recusa de Sua parte, de pagar o tributo, seria
apresentada como deslealdade ao templo; ao passo que, por outro
lado, o pagamento do mesmo seria tomado como justificação de O
rejeitarem como profeta.
Havia pouco tempo, apenas, Pedro reconhecera Jesus como o
Filho de Deus; mas deixara nesse caso de salientar o caráter divino
do Mestre. Por sua resposta ao coletor, de que Jesus havia de pagar o
tributo, sancionara, virtualmente, o falso conceito que os sacerdotes
e principais estavam procurando generalizar a Seu respeito.
Ao entrar Pedro em casa, o Salvador não fez referência ao que
sucedera, mas perguntou: “Que te parece, Simão? de quem cobram
os reis da Terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos
alheios?” Pedro respondeu: “Dos alheios.” E Jesus disse: “Logo,
estão livres os filhos”.
Mateus 17:25, 26
. Ao passo que o povo de
um país é obrigado a pagar imposto para manutenção de seu rei, os
filhos do próprio rei ficam livres. Assim de Israel, o professo povo
de Deus, era exigido que mantivesse Seu serviço; mas Jesus, o Filho
de Deus, não estava sob tal obrigação. Se os sacerdotes e levitas
estavam isentos, em virtude de sua ligação com o templo, quanto
mais Aquele para quem o templo era a casa de Seu Pai!
Se Jesus houvesse pago o tributo sem protestar, teria, virtual-
mente, reconhecido a justiça da reclamação, tendo assim negado