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O Desejado de Todas as Nações
Quando Jesus lhes disse que havia de ser condenado à morte e
ressurgir dos mortos, buscava atraí-los a uma conversação a respeito
da grande prova de fé por que haviam de passar. Houvessem os discí-
pulos estado prontos a receber o que Ele lhes desejava comunicar, e
ter-se-iam poupado a atroz angústia e desespero. Suas palavras lhes
teriam levado consolo na hora de se verem privados dEle, cheios
de decepção. Mas se bem que lhes houvesse falado tão claramente
acerca do que O aguardava, a menção de Sua próxima ida a Jeru-
salém lhes suscitou novamente as esperanças de que o reino estava
para ser estabelecido. Isto levara à questão quanto a quem deveria
ocupar os mais altos lugares. Voltando Pedro do mar, contaram-lhe
os discípulos a pergunta do Salvador, e por fim alguém se animou a
perguntar a Jesus: “Quem é o maior no reino dos Céus?”
O Salvador reuniu os discípulos em torno de Si, e disse-lhes: “Se
alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo
de todos”.
Marcos 9:35
. Havia nestas palavras uma solenidade e
impressividade que os discípulos estavam longe de compreender.
O que Cristo discernia não podiam ver. Não compreendiam a na-
tureza de Seu reino, e esta ignorância era a causa aparente de sua
contenda. A causa real, porém, jazia mais fundo. Explicando a na-
tureza de Seu reino, Cristo acalmaria temporariamente a questão;
isto, no entanto, não teria tocado no motivo básico. Mesmo depois
de haverem recebido o mais pleno conhecimento, ter-se-ia renovado
a dificuldade a qualquer questão de precedência. Assim sobreviria
ruína à igreja de Cristo depois de Sua partida. A luta pelo mais alto
lugar era a operação do mesmo espírito que dera origem à grande
controvérsia nos mundos de cima, e trouxera a Cristo do Céu para
morrer. Diante dEle surgiu a visão de Lúcifer, o “filho da alva”,
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sobrepujando em glória a todos os anjos que rodeavam o trono, e
ligado pelos mais íntimos laços ao Filho de Deus. Lúcifer dissera:
“Serei semelhante ao Altíssimo” (
Isaías 14:12, 14
); e o desejo de
exaltação própria levara conflito às cortes celestiais, e banira uma
multidão das hostes de Deus. Houvesse na verdade Lúcifer desejado
ser semelhante ao Altíssimo, e nunca teria perdido o lugar que lhe
fora designado no Céu; pois o espírito do Altíssimo manifesta-se em
abnegado ministério.
Lúcifer desejava o poder de Deus, mas não o Seu caráter. Buscava
para si mesmo o mais alto lugar, e toda criatura que é movida por