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O Desejado de Todas as Nações
suas necessidades e sofrimentos. Por intermédio de Moisés foram
dadas aos filhos de Israel instruções nesse sentido: “Se encontrares
o boi de teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho
reconduzirás. Se vires o asno daquele que te aborrece deitado de-
baixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás
juntamente com ele”.
Êxodo 23:4, 5
. Mas no homem ferido pelos
ladrões apresentou Jesus o caso de um irmão em sofrimento. Quanto
mais deveria o coração deles ter-se possuído de piedade por aquele
do que por um animal de carga! Fora-lhes dada por meio de Moisés
a mensagem de que o Senhor seu Deus, “o Deus grande, poderoso
e terrível”, “faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro”.
Portanto, ordenou: “Pelo que amareis o estrangeiro”.
Deuteronômio
10:17-19
. “Amá-lo-ás como a ti mesmo”.
Levítico 19:34
.
Jó dissera: “O estrangeiro não passava a noite na rua; as minhas
portas abria ao viandante”.
Jó 31:32
. E quando os dois anjos, em
aparência de homens, foram a Sodoma, Ló inclinou-se por terra e
disse: “Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos, em casa de vosso
servo, e passai nela a noite”.
Gênesis 19:2
. Com todas essas lições
estavam os sacerdotes e levitas familiarizados, mas não as intro-
duziram na vida prática. Educados na escola do fanatismo social,
haviam-se tornado egoístas, estreitos e exclusivistas. Ao olharem
para o homem ferido, não podiam dizer se pertencia a sua nação.
Pensaram que talvez fosse samaritano e desviaram-se.
Em sua ação, segundo descrita por Cristo, não viu o doutor
da lei coisa alguma contrária ao que lhe fora ensinado quanto às
reivindicações da lei. Outra cena, porém, foi então apresentada:
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Certo samaritano, indo de viagem, chegou onde se achava a
vítima e, ao vê-la, moveu-se de compaixão por ela. Não indagou
se o estranho era judeu ou gentio. Fosse ele judeu, bem sabia o
samaritano que, invertidas as posições, o homem lhe cuspiria no
rosto e passaria desdenhosamente. Mas nem por isso hesitou. Não
considerou que ele próprio se achava em perigo de assalto, se se
demorasse naquele local. Bastou-lhe o fato de estar ali uma criatura
humana em necessidade e sofrimento. Tirou o próprio vestuário,
para cobri-lo. O óleo e o vinho, provisão para sua viagem, empregou-
os para curar e refrigerar o ferido. Colocou-o em sua cavalgadura,
e pôs-se a caminho devagar, a passo brando, de modo que o estra-
nho não fosse sacudido, aumentando-se-lhe assim os sofrimentos.