Página 467 - O Desejado de Todas as Na

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“Lázaro, sai para fora”
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dolorosa. Lázaro fora muito amado, e as irmãs por ele choravam,
despedaçado o coração, ao passo que os que haviam sido amigos
seus, misturavam as lágrimas com as das desoladas irmãs. Em face
dessa aflição humana e de que os amigos consternados pranteavam
o morto, enquanto o Salvador do mundo ali Se achava — “Jesus
chorou”.
João 11:35
. Se bem que fosse o Filho de Deus, revestira-Se,
no entanto, da natureza humana e comoveu-Se com a humana dor.
Seu terno, compassivo coração está sempre pronto a compadecer-se
perante o sofrimento. Chora com os que choram, e alegra-Se com os
que se alegram.
Não foi, porém, simplesmente pela simpatia humana para com
Maria e Marta, que Jesus chorou. Havia em Suas lágrimas uma dor
tão acima da simples mágoa humana, como o Céu se acha acima da
Terra. Cristo não chorou por Lázaro; pois estava para o chamar do
sepulcro. Chorou porque muitos dos que ora pranteavam a Lázaro
haviam de em breve tramar a morte dAquele que era a ressurreição
e a vida. Quão incapazes se achavam, no entanto, os incrédulos
judeus de interpretar devidamente Suas lágrimas! Alguns, que não
conseguiam enxergar senão as circunstâncias exteriores da cena que
perante Ele estava, como causa de Sua tristeza, disseram baixinho:
“Vede como o amava!” Outros, procurando lançar a semente da
incredulidade no coração dos presentes, disseram, irônicos: “Não
podia Ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este
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não morresse?”
João 11:36, 37
. Se estava no poder de Cristo salvar
a Lázaro, por que, então, o deixou morrer?
Com profética visão, percebeu Cristo a inimizade dos fariseus e
dos saduceus. Sabia que Lhe estavam premeditando a morte. Não
ignorava que alguns dos que tão cheios de aparente simpatia se mos-
travam, em breve fechariam contra si mesmos a porta da esperança
e os portais da cidade de Deus. Em Sua humilhação e crucifixão
estava para verificar-se uma cena que daria em resultado a destruição
de Jerusalém, e então ninguém lamentaria os mortos. O juízo que
estava para cair sobre Jerusalém foi perante Ele claramente deline-
ado. Contemplou Jerusalém cercada pelas legiões romanas. Viu que
muitos dos que agora choravam por Lázaro morreriam no cerco da
cidade, e não haveria esperança em sua morte.
Não foi somente pela cena que se desenrolava a Seus olhos, que
Cristo chorou. Pesava sobre Ele a dor dos séculos. Viu os terríveis