Página 505 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

“Eis que o teu rei virá”
501
de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não
conheceste o tempo da tua visitação”.
Lucas 19:42-44
.
Cristo veio para salvar Jerusalém com seus filhos; mas o orgulho
farisaico, a hipocrisia, a inveja e a maldade O impediram de realizar
Seu desígnio. Jesus sabia a terrível retribuição com que seria visitada
a condenada cidade. Viu Jerusalém cercada de exércitos, os sitiados
habitantes levados à fome e à morte, mães alimentando-se do corpo
morto dos próprios filhos, e tanto pais como filhos arrebatando um ao
outro o último pedaço de pão, destruída a afeição natural pelas cor-
rosivas angústias da fome. Viu que a obstinação dos judeus, segundo
se evidenciava no rejeitar da salvação por Ele oferecida, os levaria
também a recusar submissão aos exércitos invasores. Contemplou o
Calvário, no qual havia de ser erguido, tão densamente coalhado de
cruzes como de árvores uma floresta. Viu os infelizes habitantes so-
frendo em instrumentos de tortura e mediante crucifixão, destruídos
os belos palácios, o templo em ruínas, e de seus maciços muros nem
uma pedra deixada sobre outra, enquanto a cidade era arada como
um campo. Bem podia o Salvador chorar em face de tão terrível
cena!
Jerusalém fora a filha de Seus cuidados, e como um terno pai
pranteia um filho extraviado, assim chorava Jesus sobre a bem-
amada cidade. Como posso renunciar a ti? Como te posso ver votada
à destruição? Deverei deixar-te encher o cálice de tua iniqüidade?
Uma alma é de tanto valor que, em comparação com ela, os mundos
desmerecem até à insignificância; mas ali estava toda uma nação
para se perder! Quando o Sol, em declínio rápido se ocultasse no
céu ocidental, terminaria o dia de graça de Jerusalém. Quando a
comitiva se detinha no cimo do Olivete, não era ainda demasiado
tarde para Jerusalém se arrepender. O anjo da misericórdia dobrava
[405]
então as asas para descer do áureo trono, a fim de dar lugar à justiça
e ao juízo prestes a vir. Mas o grande coração amorável de Cristo
intercedia ainda por Jerusalém, que Lhe escarnecera as misericórdias,
desprezando as advertências, e estava a ponto de mergulhar as mãos
em Seu sangue. Se tão-somente Jerusalém se arrependesse, não seria
ainda demasiado tarde. Enquanto os últimos raios do Sol poente
pairavam sobre o templo, as torres e cúpulas, não a levaria algum anjo
bom ao amor do Salvador, desviando-lhe a condenação? Formosa
e ímpia cidade, que apedrejara os profetas, que rejeitara o Filho de