Página 571 - O Desejado de Todas as Na

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Servo dos servos
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nosos, seria condenado à morte. Conhecia a ingratidão e crueldade
daqueles a quem viera salvar. Sabia quão grande o sacrifício que
devia fazer, e para quantos seria ele em vão. Sabendo tudo quanto
se achava diante de Si, poderia ser naturalmente esmagado ao pen-
samento da própria humilhação e sofrimento. Mas olhou aos doze,
os quais estiveram com Ele como Seus mesmos, e que, depois de
Sua vergonha e dor, e passados os dolorosos maus-tratos, seriam
deixados a lutar no mundo. O pensamento do que Ele próprio de-
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veria sofrer estava sempre relacionado com os discípulos em Seu
espírito. Não pensava em Si mesmo. O cuidado por eles era o que
predominava em Sua mente.
Nessa última noite em que estava com os discípulos, Jesus tinha
muito a dizer-lhes. Estivessem eles preparados para receber o que
lhes almejava comunicar, e teriam sido poupados a desoladora an-
gústia, a decepção e incredulidade. Mas Jesus viu que não podiam
suportar o que lhes tinha a dizer. Ao olhar-lhes o rosto, as palavras
de advertência e conforto estacaram-Lhe nos lábios. Passaram-se
momentos em silêncio. Parecia que Jesus esperava. Os discípulos
não se sentiam à vontade. O compassivo interesse despertado pelo
pesar de Cristo parecia haver-se dissipado. Suas dolorosas palavras,
indicando os próprios sofrimentos, pouca impressão produziram. Os
olhares que trocavam entre si, traduziam ciúmes e rivalidade.
Havia “entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior”.
Essa rivalidade, manifestada na presença de Cristo, O entristeceu
e magoou. Apegavam-se os discípulos a sua idéia favorita de que
Cristo firmaria Seu poder, e tomaria Seu posto no trono de Davi. E
no coração cada um continuava a anelar a posição mais elevada no
reino. Haviam-estimado a si mesmos e uns aos outros, e em lugar
de considerar seus irmãos mais dignos, colocavam-se em primeiro
lugar. O pedido de Tiago e João, de se assentarem à direita e à
esquerda do trono de Cristo, despertara a indignação dos outros. O
terem os dois irmãos tido a presunção de pedir a mais alta posição
despertara por tal forma os dez, que havia ameaça de alheamento.
Pensaram que eram mal julgados, que sua fidelidade e seus talentos
não eram apreciados. Judas era o mais rigoroso contra Tiago e João.
Quando os discípulos entraram na sala da ceia, tinham o coração
cheio de ressentimentos. Judas apressou-se a tomar lugar junto de
Cristo, à esquerda; João estava à direita. Se houvesse lugar mais