Página 582 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

578
O Desejado de Todas as Nações
fazes, fá-lo depressa. [...] E tendo Judas tomado o bocado, saiu logo.
E era já noite”.
João 13:27, 30
. Noite se fez para o traidor ao sair ele
da presença de Cristo, para as trevas exteriores.
Até dar esse passo, Judas não passara os limites da possibilidade
de arrependimento. Mas quando saiu da presença de seu Senhor e
de seus condiscípulos, fora tomada a decisão final. Ultrapassara os
termos.
Admirável fora a longanimidade de Jesus no trato para com essa
alma tentada. Coisa alguma que pudesse salvar Judas, deixara de
ser feita. Depois de ele haver por duas vezes tratado entregar seu
Senhor, deu-lhe ainda Jesus oportunidade de arrependimento. Lendo
o secreto intento do coração traidor, Cristo lhe deu a última, final
prova de Sua divindade. Isto foi para o falso discípulo a última
chamada ao arrependimento. Não se poupou nenhum apelo que
o coração divino-humano de Cristo pudesse fazer. As ondas de
misericórdia, repelidas pelo obstinado orgulho, volviam em mais
poderoso volume de subjugante amor. Mas se bem que surpreendido
e alarmado ante a descoberta de sua culpa, Judas apenas se tornou
mais determinado. Da ceia sacramental saiu para completar sua obra
de traição.
Ao proferir o ai sobre Judas, Cristo tinha também um desígnio
misericordioso para com Seus discípulos. Deu-lhes assim a suprema
demonstração de Sua messianidade. “Desde agora vo-lo digo, antes
que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou”.
João 13:19
. Houvesse Jesus permanecido em silêncio, em aparente
ignorância do que Lhe havia de sobrevir, os discípulos teriam podido
pensar que seu Mestre não possuía divina previsão, e se teriam
surpreendido, ficando entregues às mãos da turba assassina. Um
ano antes Jesus dissera aos discípulos que Ele escolhera doze, e
que um era diabo. Agora, as palavras a Judas, mostrando que sua
traição era plenamente conhecida por seu Mestre, fortaleceria a fé
dos verdadeiros seguidores de Cristo durante Sua humilhação. E
[465]
quando Judas chegasse ao seu terrível fim, lembrar-se-iam do ai que
Jesus proferira sobre o traidor.
E o Salvador tinha ainda outro intuito. Não privara de Seu mi-
nistério àquele que sabia ser um traidor. Os discípulos não haviam
entendido Suas palavras quando dissera, no lava-pés: “Vós estais
limpos, mas não todos” (
João 13:10
), nem mesmo quando, à mesa,