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O Desejado de Todas as Nações
Cafarnaum, quando Cristo falara de Si mesmo como o pão da vida,
muitos se escandalizaram, afastando-se dEle. Os doze, porém, não
se tinham mostrado infiéis. Pedro, falando por seus irmãos, declarara
sua lealdade a Cristo. Então o Salvador dissera: “Não vos escolhi a
vós os doze? e um de vós é um diabo”.
João 6:70
. No cenáculo Jesus
dissera que um dos doze O havia de trair, e que Pedro O negaria.
Mas agora Suas palavras os incluíam a todos.
Então se fez ouvir a voz de Pedro protestando veemente: “Ainda
que todos se escandalizem, nunca porém, eu”. No cenáculo, decla-
rara: “Por Ti darei a minha vida.” Jesus o advertira de que naquela
mesma noite negaria seu Salvador. Agora Cristo repete a advertên-
cia: “Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo
cante duas vezes, três vezes Me negarás.” Mas Pedro apenas “disse
com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo,
de modo nenhum Te negarei. E da mesma maneira diziam todos
também”.
Marcos 14:29, 30, 31
. Em sua confiança de si mesmos,
negaram a repetida declaração dAquele que é Onisciente. Não es-
tavam preparados para a prova; quando a tentação os assaltasse,
compreenderiam a própria fraqueza.
Quando Pedro disse que seguiria seu Senhor à prisão e à morte,
era sincero em cada palavra proferida; mas não conhecia a si mesmo.
Ocultos em seu coração havia elementos de mal que as circunstân-
cias fariam germinar. A menos que ele fosse levado à consciência
de seu perigo, esses elementos se demonstrariam sua eterna ruína.
O Salvador viu nele um amor-próprio e segurança que sobrepuja-
riam mesmo o amor de Cristo. Em sua vida se revelara muito de
enfermidade, pecado não mortificado, descuido de espírito, gênio
não santificado e temeridade para entrar em tentação. A solene ad-
vertência de Cristo era um chamado a exame de coração. Pedro
necessitava desconfiar de si mesmo, e ter maior fé em Cristo. Hou-
vesse ele recebido com humildade a advertência, e teria recorrido
ao Pastor do rebanho para que guardasse Sua ovelha. Quando, no
mar da Galiléia, se achava prestes a submergir, clamara: “Senhor,
salva-me!”
Mateus 14:30
. Então a mão de Cristo se estendera para
segurar a sua. Assim agora, se clamasse a Jesus: Salva-me de mim
mesmo teria sido guardado. Pedro sentiu, porém, que lhe faltavam
com a confiança, e julgou isso cruel. Estava já ofendido, e mais
persistente se tornou na confiança própria.