Página 608 - O Desejado de Todas as Na

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O Desejado de Todas as Nações
tava em jogo para ele. Falhasse aqui, e estava perdida sua esperança
de domínio; os reinos do mundo tornar-se-iam afinal possessão de
Cristo; ele próprio seria derrotado e expulso. Mas se Cristo pudesse
ser vencido, a Terra se tornaria para sempre o reino de Satanás, e a
raça humana estaria perpetuamente em seu poder. Com os resultados
do conflito perante Si, a alma de Cristo Se encheu de terror da sepa-
ração de Deus. Satanás dizia-Lhe que, se Se tornasse o penhor de
um mundo pecaminoso, seria eterna a separação. Ele Se identificaria
com o reino de Satanás, e nunca mais seria um com Deus.
E que se lucraria com esse sacrifício? Quão desesperadas pare-
ciam a culpa e a ingratidão humanas! Satanás apertava o Redentor,
apresentando a situação justamente em seus piores aspectos: “A
nação que pretende achar-se acima de todas as outras quanto às
vantagens temporais e espirituais, rejeitou-Te. Procuram destruir-Te,
a Ti, fundamento, centro e selo das promessas que lhes foram feitas
como povo particular. Um de Teus próprios discípulos, que tem ou-
vido Tuas instruções e sido um dos de mais destaque nas atividades
da igreja, trair-Te-á. Um de Teus mais zelosos seguidores Te há de
negar. Todos Te abandonarão.” Cristo repeliu esse pensamento com
todo Seu ser. Que aqueles a quem empreendera salvar, aqueles a
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quem tanto amava, se unissem aos tramas de Satanás — isto Lhe
traspassava a alma. Terrível era o conflito. Media-se pela culpa da
nação, de Seus acusadores e traidor, pela culpa de um mundo imerso
na impiedade. Os pecados dos homens pesavam duramente sobre
Cristo, e esmagava-Lhe a alma o sentimento da ira divina.
Contemplai-O considerando o preço a ser pago pela alma hu-
mana. Em Sua agonia, apega-Se ao solo frio, como a impedir de ser
levado para longe de Deus. O enregelante orvalho da noite cai-Lhe
sobre o corpo curvado, mas não atenta para isso. De Seus pálidos
lábios irrompe o amargo brado: “Meu Pai, se é possível, passe de
Mim este cálice.” Mas mesmo então acrescenta: “Todavia não como
Eu quero, mas como Tu queres”.
Mateus 26:39
.
O coração humano anseia simpatia no sofrimento. Esse anseio,
experimentou-o Cristo até ao mais profundo de Seu ser. Na suprema
angústia de Sua alma, foi ter com os discípulos, com o aflitivo desejo
de ouvir algumas palavras reconfortantes daqueles a quem tantas
vezes concedera bênçãos e conforto, e protegera na dor e na aflição.
Aquele que para eles tivera sempre expressões de simpatia, sofria