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O Desejado de Todas as Nações
Os discípulos acordaram à voz de Jesus, porém mal O conhece-
ram, tão mudado estava Seu semblante pela angústia. Dirigindo-Se
a Pedro, disse Jesus: “Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade
está pronto, mas a carne é fraca”.
Marcos 14:37, 38
. A fraqueza dos
discípulos despertou a simpatia de Jesus. Temia que não fossem ca-
pazes de resistir à prova que lhes sobreviria em Sua entrega e morte.
Não os reprovou, mas disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação.” Mesmo em Sua grande agonia, buscava desculpar-lhes a
fraqueza. “O espírito na verdade está pronto”, disse, “mas a carne
é fraca.” Novamente foi o Filho de Deus tomado de sobre-humana
aflição e, desfalecido e exausto, arrastou-Se outra vez para o lugar
de Sua luta anterior. Seu sofrimento era ainda maior que antes. Ao
sobrevir-Lhe a agonia da alma, “Seu suor tornou-se em grandes go-
tas de sangue, que corriam até ao chão”.
Lucas 22:44
. Os ciprestes e
as palmeiras foram as silenciosas testemunhas de Sua angústia. Dos
folhudos ramos caía denso orvalho sobre Seu corpo prostrado, como
se a natureza chorasse sobre seu Autor sozinho em luta contra os
poderes das trevas.
Pouco tempo antes, Jesus Se mostrara qual vigoroso cedro, re-
sistindo à tempestade da oposição que desencadeava contra Ele sua
fúria. Vontades obstinadas e corações cheios de maldade e sutileza,
em vão lutaram para O confundir e oprimir. Apresentara-Se em
divina majestade, como o Filho de Deus. Agora era como uma cana
açoitada e pendida por furiosa tempestade. Vencedor, aproximara-Se
da consumação de Sua obra, havendo conquistado a cada passo a
vitória sobre os poderes das trevas. Como já glorificado, afirmara ter
unidade com Deus. Com firmes acentos entoara Seus cânticos de
louvor. Dirigira aos discípulos palavras de ânimo e ternura. Agora
chegara a hora do poder das trevas. Agora se Lhe ouvia a voz no
silêncio da noite, não em notas de triunfo, mas plena de humana
angústia. As palavras do Salvador foram levadas aos ouvidos dos
entorpecidos discípulos: “Meu Pai, se este cálice não pode passar de
Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade”.
Mateus 26:42
.
O primeiro impulso dos discípulos foi ir ter com Ele; mas pedira-
lhes que ficassem ali, velando em oração. Quando Jesus chegou
a eles, achou-os ainda adormecidos. De novo sentira Ele o anseio
da companhia, de algumas palavras dos discípulos, que trouxessem