Página 614 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

610
O Desejado de Todas as Nações
Rapidamente, porém, mudou a cena. A turba ergueu-se. Os solda-
dos romanos, os sacerdotes e Judas reuniram-se em redor de Cristo.
Pareciam envergonhados de sua fraqueza, e receosos de que Ele
ainda escapasse. Novamente fez o Redentor a pergunta: “A quem
buscais?” Tinham tido a prova de que Aquele que Se achava di-
ante deles era o Filho de Deus, mas não se queriam convencer. À
pergunta: “A quem buscais?” tornaram a responder: “A Jesus Na-
zareno.” O Salvador disse então: “Já vos disse que sou Eu; se pois
Me buscais a Mim, deixai ir estes” (
João 18:7, 8
) — e apontou aos
discípulos. Sabia quão fraca era a fé deles, e buscou protegê-los
contra a tentação e a prova. Por eles estava pronto a Se sacrificar.
Judas, o traidor, não esqueceu a parte que devia desempenhar.
Quando a turba penetrou no horto, fora ele que a conduzira, seguido
de perto pelo sumo sacerdote. Aos perseguidores de Jesus dera um
sinal, dizendo: “O que eu beijar é esse; prendei-O”.
Mateus 26:48
.
Pretende então não ter parte nenhuma com eles. Achegando-se a
Jesus, toma-Lhe a mão como um amigo familiar. Com as palavras:
“Eu Te saúdo, Rabi”, ele O beija repetidamente e parece chorar,
como sentindo com Ele o perigo que corria.
Jesus lhe diz: “Amigo, a que vieste?”
Mateus 26:50
. A voz
tremia-Lhe de dor, ao acrescentar: “Judas, com um beijo traís o
Filho do homem?”
Lucas 22:48
. Esse apelo deveria ter despertado
a consciência do traidor, e tocado seu obstinado coração; mas a
honra, a fidelidade e a brandura humana o haviam abandonado. Per-
maneceu ousado e em desafio, não mostrando nenhuma disposição
de abrandar-se. Entregara-se a Satanás, e não tinha poder para lhe
resistir. Jesus não recusou o beijo do traidor.
A massa tornou-se ousada, ao ver Judas tocar a pessoa dA-
quele que tão pouco antes fora glorificado diante de seus olhos.
Apoderaram-se, pois, de Jesus e começaram a atar aquelas preciosas
mãos que sempre se haviam empregado em fazer bem.
[491]
Os discípulos haviam julgado que o Mestre não sofreria ser
aprisionado. Pois o mesmo poder que fizera com que os da turba
caíssem como mortos, mantê-los-ia impotentes até que Jesus e Seus
companheiros escapassem. Ficaram decepcionados e indignados, ao
verem as cordas trazidas para ligar as mãos dAquele a quem amavam.
Em sua indignação, Pedro puxou precipitadamente da espada e
procurou defender o Mestre, mas apenas cortou uma orelha do servo