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Uma ilustração de seus métodos
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desejo não se tornou predominante. Aquilo que o dirigia era a espe-
rança de benefício próprio no reino mundano que esperava Cristo
estabelecesse. Posto que reconhecesse o poder do amor divino de
Cristo, Judas não se rendeu à sua supremacia. Continuou a alimen-
tar seus próprios juízos e opiniões, sua disposição para criticar e
condenar. Os motivos e ações de Cristo, muitas vezes tão acima de
seu entendimento, excitavam dúvida e desaprovação; e suas próprias
contestações e cobiça insinuavam-se nos discípulos. Muitas de suas
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contendas pela supremacia, e muito de seu descontentamento pelos
métodos de Cristo, originavam-se com Judas.
Jesus, vendo que mostrar-se antagônico dava como resultado
endurecer-se o coração, abstinha-Se de conflito direto. A estreiteza
egoísta da vida de Judas, Cristo procurou curar pelo contato com
Seu próprio amor abnegado. Em Seus ensinos desdobrava princípios
que feriam pela raiz as ambições egoístas do discípulo. Dava assim
lições após lições, e muitas vezes Judas compreendeu que seu caráter
fora retratado, e indicado seu pecado; mas não quis ceder.
Resistindo aos esforços da misericórdia, o impulso do mal ad-
quiriu finalmente o domínio. Judas, irado pela devida reprovação, e
desesperado pela decepção que tivera com seus sonhos de ambição,
entregou o coração ao demônio da avidez, e decidiu a traição de seu
Mestre. Da sala da Páscoa; da alegria da presença de Cristo, e da luz
da esperança imortal, saiu ele para a sua nefanda obra — nas trevas
exteriores, onde não havia esperança.
“Bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não
criam, e quem era o que O havia de entregar.”
João 6:24
. Contudo,
sabendo todas estas coisas, não retivera Seus esforços misericordio-
sos ou ações de amor.
Vendo o perigo de Judas, trouxera-o para junto de Si, naquele
grupo mais íntimo de Seus discípulos escolhidos e em quem con-
fiava. Dia após dia, quando o fardo jazia pesadamente sobre Seu
coração, suportara a dor do contínuo contato com aquele espírito
obstinado, desconfiado e entregue a maus pensamentos; Ele havia
testemunhado esse espírito e trabalhara para combater entre Seus
discípulos aquele antagonismo contínuo, secreto e sutil. E tudo isto
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fizera para que nenhuma influência salvadora possível faltasse àquela
alma em perigo!