Página 104 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
sos, de maneira que a guerra, em vez de empobrecer os boêmios, os
enriqueceu.
Poucos anos mais tarde, sob um novo papa, promoveu-se ainda
outra cruzada. Como antes, homens e meios foram trazidos de todos
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os países papais da Europa. Grande foi o engodo apresentado aos
que se deveriam empenhar nesta perigosa empresa. Assegurava-se a
cada cruzado perdão completo dos mais hediondos crimes. A todos
os que morressem na guerra era prometida preciosa recompensa no
Céu, e os que sobrevivessem haveriam de colher honras e riquezas
no campo de batalha. De novo se reuniu um vasto exército e, atraves-
sando a fronteira, entraram na Boêmia. As forças hussitas recuaram
diante deles, arrastando assim os invasores cada vez mais longe para
o interior do país, e levando-os a contar com a vitória já alcançada.
Finalmente o exército de Procópio fez alto e, voltando-se para o ini-
migo, avançou para lhe dar batalha. Os cruzados, descobrindo então
o seu erro, ficaram no acampamento esperando o assalto. Quando
se ouviu o ruído da força que se aproximava, mesmo antes que os
hussitas estivessem à vista, um pânico de novo caiu sobre os cruza-
dos. Príncipes, generais e soldados rasos, arrojando as armaduras,
fugiram em todas as direções. Em vão o núncio papal, que era o
dirigente da invasão, se esforçou para reunir suas forças possuídas
de terror e já desorganizadas. Apesar de seus enormes esforços, ele
próprio foi levado na onda dos fugitivos. A derrota foi completa, e
novamente um imenso despojo caiu nas mãos dos vitoriosos.
Assim pela segunda vez, vasto exército, enviado pelas mais po-
derosas nações da Europa, uma hoste de homens bravos e aguerridos,
treinados e equipados para a batalha, fugiu, sem dar um golpe, de
diante dos defensores de uma nação pequena e, até ali, fraca. Ha-
via nisso uma manifestação do poder divino. Os invasores foram
tomados de pavor sobrenatural. Aquele que derrotou os exércitos
de Faraó no Mar Vermelho, que pôs em fuga os exércitos de Midiã
diante de Gideão e seus trezentos, que numa noite derribou as forças
do orgulhoso assírio, de novo estendera a mão para debilitar o poder
do opressor. “Eis que se acharam em grande temor, onde temor não
havia, porque Deus espalhou os ossos daquele que te cercava; tu os
confundiste, porque Deus os rejeitou.”
Salmo 53:5
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Os líderes papais, perdendo a esperança de vencer pela força,
recorreram finalmente à diplomacia. Adotou-se um compromisso