A luz na Suíça
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Deus habite, ali se desperta um zelo que insta com os homens e os
impele às boas obras.” — D’Aubigné.
Tal era o interesse na pregação de Zwínglio que a catedral não
comportava as multidões que o vinham ouvir. Pouco a pouco, à
medida em que o podiam suportar, desvendava a verdade a seus
ouvintes. Tinha o cuidado de não introduzir a princípio pontos que
os assustariam, criando preconceitos. Seu trabalho era conquistar-
lhes o coração para os ensinos de Cristo, abrandá-lo por Seu amor, e
diante deles conservar Seu exemplo; e recebendo eles os princípios
do evangelho, suas crenças e práticas supersticiosas inevitavelmente
desapareceriam.
Passo a passo avançava a Reforma em Zurique. Alarmados, seus
inimigos levantaram-se em ativa oposição. Um ano antes o monge
de Wittenberg proferira o seu “Não” ao papa e ao imperador, em
Worms, e agora tudo parecia indicar uma resistência semelhante
às pretensões papais em Zurique. Reiterados ataques foram feitos
contra Zwínglio. Nos cantões papais, de tempos em tempos, discí-
pulos do evangelho eram levados à tortura, mas isto não bastava; o
ensinador de heresias deveria ser reduzido ao silêncio. De acordo
com isto, o bispo de Constança enviou três delegados ao conselho de
Zurique, acusando Zwínglio de ensinar o povo a transgredir as leis
da igreja, pondo assim em perigo a paz e a boa ordem da sociedade.
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Se a autoridade da igreja fosse posta de lado, insistia ele, resultaria
anarquia universal. Zwínglio replicou que durante quatro anos esti-
vera a ensinar o evangelho em Zurique, “que era mais silenciosa e
pacífica que qualquer outra cidade da confederação.” “Não é, então”,
disse ele, “o cristianismo a melhor salvaguarda da segurança geral?”
— Wylie.
Os delegados aconselharam os membros do conselho a permane-
cer na igreja, fora da qual, declararam, não havia salvação. Zwínglio
respondeu: “Não vos mova esta acusação. O fundamento da igreja
é a mesma Rocha, o mesmo Cristo, que deu a Pedro seu nome por-
que ele O confessou fielmente. Em todo país, quem quer que creia
de todo o coração no Senhor Jesus, é aceito por Deus. Esta, ver-
dadeiramente, é a igreja, fora da qual ninguém pode salvar-se.” —
D’Aubigné. Como resultado da conferência, um dos delegados do
bispo aceitou a fé reformada.