Página 306 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

302
O Grande Conflito
domínio universal, e não compreendiam o sentido de Suas palavras
predizendo Seus sofrimentos e morte.
O próprio Cristo os enviara com a mensagem: “O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no
evangelho.”
Marcos 1:15
. Aquela mensagem era baseada na profecia
de
Daniel 9
. As sessenta e nove semanas, declarou o anjo, estender-
se-iam até “o Messias, o Príncipe” e com grandes esperanças e
antecipado gozo aguardavam o estabelecimento do reino do Messias,
em Jerusalém, a fim de governar sobre a Terra toda.
Pregaram a mensagem que Cristo lhes confiara, ainda que eles
próprios compreendessem mal a sua significação. Ao passo que
seu anúncio se baseava em
Daniel 9:25
, não viam no versículo
seguinte do mesmo capítulo que o Messias deveria ser tirado. Desde
o nascimento haviam fixado o coração na antecipada glória de um
império terrestre, e isto lhes cegava igualmente a compreensão das
especificações da profecia e das palavras de Cristo.
Cumpriram seu dever apresentando à nação judaica o convite
de misericórdia e, então, no mesmo tempo em que esperavam ver
o Senhor ascender ao trono de Davi, viram-nO ser agarrado como
malfeitor, açoitado, escarnecido, condenado e suspenso à cruz do
Calvário. Que desespero e angústia oprimia o coração dos discípulos
durante os dias em que seu Senhor dormia no túmulo!
[346]
Cristo viera no tempo exato, e da maneira predita na profecia. O
testemunho das Escrituras fora cumprido em todos os detalhes de
Seu ministério. Pregara Ele a mensagem da salvação, e “Sua palavra
era com autoridade.” O coração de Seus ouvintes havia testemu-
nhado ser ela do Céu. A Palavra e o Espírito de Deus atestavam a
missão divina do Filho.
Os discípulos ainda se apegavam com imperecível afeição ao
Mestre amado. E, não obstante, traziam o espírito envolto em incer-
teza e dúvida. Em sua angústia não se lembravam então das palavras
de Cristo que de antemão indicavam Seu sofrimento e morte. Se
Jesus de Nazaré fosse o verdadeiro Messias, teriam eles sido assim
imersos em pesar e decepção? Esta era a pergunta que lhes torturava
a alma enquanto o Salvador jazia no sepulcro, durante as desespe-
radoras horas daquele sábado, que mediou entre Sua morte e Sua
ressurreição.