Por que existe o sofrimento
431
própria. “Estimas o teu coração como se fora o coração de Deus.”
“E tu dizias: ... Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e
no monte da congregação me assentarei. ... Subirei acima das mais
altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.”
Ezequiel 28:6
;
Isaías
14:13, 14
. Em vez de procurar fazer com que Deus fosse supremo
nas afeições e lealdade de Suas criaturas, era o esforço de Lúcifer
conquistar para si o seu serviço e homenagem. E, cobiçando a honra
que o infinito Pai conferira a Seu Filho, este príncipe dos anjos
aspirou ao poder cujo uso era prerrogativa de Cristo, unicamente.
O Céu todo se regozijava com refletir a glória do Criador e
celebrar o Seu louvor. E, enquanto Deus assim fora honrado, tudo
era paz e alegria. Uma nota dissonante, porém, deslustrava agora as
harmonias celestiais. O serviço e exaltação em prol do eu, contrários
ao plano do Criador, despertavam prenúncios de males nas mentes
para as quais a glória de Deus era suprema. Os concílios celestiais
instavam com Lúcifer. O Filho de Deus lhe apresentava a grandeza,
a bondade e a justiça do Criador, e a natureza sagrada e imutável
de Sua lei. Deus mesmo havia estabelecido a ordem do Céu; e,
afastando-se dela, Lúcifer desonraria a seu Criador, trazendo sobre
[495]
si a ruína. Mas a advertência, feita com amor e misericórdia infinitos,
unicamente suscitou espírito de resistência. Lúcifer permitiu que
prevalecesse a inveja para com Cristo, e mais decidido se tornou.
O orgulho de sua própria glória alimentava o desejo de suprema-
cia. As elevadas honras conferidas a Lúcifer não eram apreciadas
como um dom de Deus, e não despertavam gratidão para com o
Criador. Ele se gloriava em seu resplendor e exaltação, e aspirava
a ser igual a Deus. Era amado e reverenciado pela hoste celestial.
Anjos deleitavam-se em executar suas ordens, e, mais que todos eles,
estava revestido de sabedoria e glória. Todavia, o Filho de Deus era
o reconhecido Soberano do Céu, igual ao Pai em poder e autoridade.
Em todos os conselhos de Deus, Cristo tomava parte, enquanto a
Lúcifer não era assim permitido entrar em conhecimento dos pro-
pósitos divinos. “Por que”, perguntava o poderoso anjo, “deveria
Cristo ter a supremacia? Por que é Ele desta maneira mais honrado
do que Lúcifer?”
Deixando seu lugar na presença imediata de Deus, saiu a di-
fundir o espírito de descontentamento entre os anjos. Operando em
misterioso segredo, e escondendo durante algum tempo o seu intuito