Página 585 - O Grande Conflito

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O final e glorioso triunfo
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rio público, desvendando aos homens as mais preciosas bênçãos do
Céu; os dias repletos de atos de amor e misericórdia, Suas noites de
oração e vigília na solidão das montanhas; as tramas de inveja, ódio
e maldade, com que eram retribuídos os Seus benefícios; a agonia
terrível e misteriosa no Getsêmani, sob o peso esmagador dos peca-
dos do mundo inteiro; Sua traição nas mãos da turba assassina; os
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tremendos acontecimentos daquela noite de horror — o Prisioneiro
que não opunha resistência, abandonado por Seus discípulos mais
amados, rudemente empurrado pelas ruas de Jerusalém; o Filho de
Deus exultantemente exibido perante Anás, citado ao palácio do
sumo sacerdote, ao tribunal de Pilatos, perante o covarde e cruel
Herodes, escarnecido, insultado, torturado e condenado à morte —
tudo é vividamente esboçado.
E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais
— o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe
do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira
a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a
palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando
o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida.
O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus
anjos e súditos não têm poder para se desviarem do quadro que é a
sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. He-
rodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que pudesse
destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma criminosa
repousa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente às
circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes, e
a multidão furiosa que clamou: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre
nossos filhos!” — todos contemplam a enormidade de seu crime.
Em vão procuram ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais
resplandecente que o Sol, enquanto os remidos lançam suas coroas
aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por mim!”
Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o
heróico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis
irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora
dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos
quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero, aquele
monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação
daqueles que torturara, e em cujas aflições extremas encontrara