14
História da Redenção
autoridade eram os mesmos de Deus. Lúcifer pensou em si mesmo
como o favorito entre os anjos no Céu. Tinha sido grandemente exal-
tado, mas isto não despertou nele louvor e gratidão ao seu Criador.
Aspirava à altura do próprio Deus. Gloriava-se na sua altivez. Sabia
que era honrado pelos anjos. Tinha uma missão especial a executar.
Tinha estado perto do grande Criador e o resplendor incessante da
gloriosa luz que cercava o eterno Deus tinha brilhado especialmente
sobre ele. Pensava como os anjos tinham obedecido a seu comando
com prazeroso entusiasmo. Não era seu vestuário belo e brilhante?
Por que devia Cristo ser assim honrado ante ele?
Ele deixou a imediata presença do Pai, insatisfeito e cheio de
inveja contra Jesus Cristo. Dissimulando seu real propósito, convo-
cou as hostes angélicas. Introduziu seu assunto, que era ele mesmo.
Como alguém agravado, relatou a preferência que Deus dera a Jesus
em prejuízo dele. Contou que dali em diante toda a doce liberdade
que os anjos tinham gozado estava no fim. Pois não havia sido posto
sobre eles um governador, a quem deviam de agora em diante render
[15]
honra servil? Declarou que os tinha reunido para assegurar-lhes
que ele não mais se submeteria à invasão dos direitos seus e deles;
que nunca mais ele se prostraria ante Cristo; que assumiria a honra
que lhe devia ter sido conferida e que seria o comandante de todos
aqueles que se submetessem a segui-lo e obedecer a sua voz.
Houve controvérsia entre os anjos. Lúcifer e seus simpatizantes
porfiavam por reformar o governo de Deus. Estavam descontentes e
infelizes porque não podiam perscrutar Sua insondável sabedoria e
averiguar o Seu propósito em exaltar Seu Filho e dotá-Lo com tal
ilimitado poder e comando. Rebelaram-se contra a autoridade do
Filho.
Os anjos que eram leais e sinceros procuraram reconciliar este
poderoso rebelde à vontade de seu Criador. Justificaram o ato de
Deus em conferir honra a Seu Filho, e com fortes razões tentaram
convencer Lúcifer que não lhe cabia menos honra agora, do que
antes que o Pai proclamasse a honra que Ele tinha conferido a Seu
Filho. Mostraram-lhe claramente que Cristo era o Filho de Deus,
existindo com Ele antes que os anjos fossem criados, que sempre
estivera à mão direita de Deus, e Sua suave, amorosa autoridade até o
presente não tinha sido questionada; e que Ele não tinha dado ordens
que não fossem uma alegria para a hoste celestial executar. Eles