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História da Redenção
“É horrível contemplar o homem que se intitula vigário de Cristo,
a ostentar uma magnificência que nenhum imperador pode igualar.
É isso ser semelhante ao pobre Jesus, ou o humilde Pedro? Ele é,
dizem, o senhor do mundo! Mas Cristo, cujo vigário ele se jacta de
ser, disse: ‘Meu reino não é deste mundo.’ Podem os domínios de
um vigário estender-se além dos de seu superior?”
Assim escreveu ele acerca das universidades: “Receio muito
que as universidades se revelem grandes portas do inferno, a menos
que diligentemente trabalhem para explicar as Santas Escrituras,
e gravá-las no coração dos jovens. Não aconselho ninguém a pôr
seu filho onde as Escrituras não reinem supremas. Toda instituição
em que os homens não se achem incessantemente ocupados com a
Palavra de Deus, tem de tornar-se corrupta.”
Este apelo circulou rapidamente por toda a Alemanha e exer-
ceu poderosa influência sobre o povo. A nação toda foi convocada
a reunir-se ao redor do estandarte da Reforma. Os oponentes de
Lutero, ardentes no desejo de vingança, insistiam em que o papa to-
masse medidas decisivas contra ele. Decretou-se que suas doutrinas
fossem imediatamente condenadas. Sessenta dias foram concedidos
ao reformador e a seus adeptos, findos os quais, se não abjurassem,
deveriam todos ser excomungados.
Quando a bula papal chegou a Lutero, disse ele: “Desprezo-
a e ataco-a como ímpia, falsa. ... É o próprio
Cristo
que nela é
condenado. ... Regozijo-me por ter de suportar tais males pela melhor
das causas. Sinto já maior liberdade em meu coração; pois finalmente
sei que o papa é o anticristo, e que o seu trono é o do próprio
Satanás.”
Todavia, a palavra do pontífice ainda tinha poder. Prisão, tortura
e espada eram armas potentes para forçar à obediência. Tudo pa-
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recia indicar que a obra do reformador estava a ponto de terminar.
Os fracos e supersticiosos tremiam perante o decreto do papa; e,
conquanto houvesse simpatia geral por Lutero, muitos sentiam que
a vida era por demais preciosa para que fosse arriscada na causa da
Reforma.
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