A coroação de Cristo
            
            
              333
            
            
              Herodes, escarnecido, insultado, torturado e condenado à morte —
            
            
              tudo é vividamente esboçado.
            
            
              E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais
            
            
              — o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe
            
            
              do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira
            
            
              a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a
            
            
              [424]
            
            
              palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando
            
            
              o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida.
            
            
              O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus
            
            
              anjos e súditos não têm poder para se desviarem do quadro que é
            
            
              a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou.
            
            
              Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que
            
            
              pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma
            
            
              criminosa pesa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente
            
            
              às circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes,
            
            
              e a multidão furiosa que clamou: “O Seu sangue caia sobre nós e
            
            
              sobre nosso filhos!” — todos contemplam a enormidade de seu
            
            
              crime. Em vão procuram ocultar-se da majestade divina de Seu
            
            
              rosto, mais resplandecente que o Sol, enquanto os remidos lançam
            
            
              suas coroas aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por
            
            
              mim!”
            
            
              Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o
            
            
              heróico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis
            
            
              irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora
            
            
              dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos
            
            
              quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero, aquele
            
            
              monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação
            
            
              daqueles que torturara, e em cujas aflições mais extremas encontrara
            
            
              deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua
            
            
              própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a
            
            
              seu filho, as paixões acoroçoadas e desenvolvidas por sua influência
            
            
              e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo
            
            
              estremecer.
            
            
              Ali estão sacerdotes e prelados romanistas, que pretendiam ser
            
            
              embaixadores de Cristo e, no entanto, empregaram a tortura, a mas-
            
            
              [425]
            
            
              morra, a fogueira para dominar a consciência de Seu povo. Ali estão
            
            
              os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e preten-
            
            
              deram mudar a lei do Altíssimo. Aqueles pretensos pais da igreja