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História da Redenção
cantaram em tom mais alto do que o tinham feito antes, pela grande
misericórdia e condescendência de Deus, entregando o Seu mui
amado para morrer por uma raça de rebeldes. Derramaram-se louvor
e adoração pela abnegação e sacrifício de Jesus; por consentir Ele
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em deixar o seio de Seu Pai e optar por uma vida de sofrimento e
angústia, e morrer uma morte ignominiosa a fim de dar Sua vida por
outros.
Disse meu anjo assistente: Pensais que o Pai entregou Seu mui
amado Filho sem esforço? Não, absolutamente. Foi mesmo uma luta,
para o Deus do Céu, decidir se deixaria o homem culpado perecer,
ou dar Seu amado Filho para morrer por ele. Os anjos estavam tão
interessados na salvação do homem que se podiam encontrar entre
eles os que deixariam sua glória e dariam a vida pelo homem que ia
perecer. Mas, disse o anjo, isto nada adiantaria. A transgressão era
tão grande que a vida de um anjo não pagaria a dívida. Nada a não
ser a morte e intercessão de Seu Filho pagaria essa dívida, e salvaria
o homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças.
Mas foi aos anjos designada a obra de subirem e descerem com
bálsamo fortalecedor, trazido da glória, a fim de mitigar ao Filho
do homem os Seus sofrimentos, e ministrar-Lhe. Seria também sua
obra proteger e guardar os súditos da graça, contra os anjos maus
e as trevas que constantemente Satanás arremessa em redor deles.
Vi que era impossível a Deus alterar ou mudar Sua lei, para salvar o
homem perdido, e que ia perecer; portanto, Ele consentiu em que
Seu amado Filho morresse pela transgressão do homem.
Satanás de novo regozijou-se com seus anjos de que, ocasio-
nando a queda do homem, pudesse ele retirar o Filho de Deus de Sua
exaltada posição. Disse a seus anjos que, quando Jesus tomasse a na-
tureza do homem decaído, poderia derrotá-Lo, e impedir a realização
do plano da salvação.
Foi-me então mostrado Satanás como havia sido: um anjo feliz
e elevado. Em seguida ele foi-me mostrado como se acha agora.
Ainda tem formas régias. Suas feições ainda são nobres, pois é um
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anjo, ainda que decaído. Mas a expressão de seu rosto está cheia de
ansiedade, cuidados, infelicidade, maldade, ódio, nocividade, engano
e todo mal. Aquele semblante que fora tão nobre, notei-o particular-
mente. Sua fronte, logo acima dos olhos, começava a recuar. Vi que
ele se havia aviltado durante tanto tempo que toda a boa qualidade se