As bem-aventuranças
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Jesus apresentara a taça de bênçãos aos que se julgavam ricos e
de nada carecidos (
Apocalipse 3:17
), e eles, com escárnio, volveram
costas à dádiva misericordiosa. Aquele que se julga são, que pensa
ser razoavelmente bom e se satisfaz com o seu estado, não procura
tornar-se participante da graça e justiça de Cristo. O orgulho não
sente necessidade, fechando, pois, o coração a Cristo e às bênçãos
infinitas que Ele veio dar. Não há lugar para Jesus no coração dessa
pessoa. Os que são ricos e honrados aos próprios olhos, não oram
com fé, para receberem a bênção de Deus. Presumem estar cheios,
por isso se retiram vazios. Os que sabem que não se podem salvar a
si mesmos, nem de si praticar qualquer ação de justiça, são os que
apreciam o auxílio que Cristo pode conceder. São eles os pobres de
espírito, aos quais Ele declara bem-aventurados.
Aquele a quem Cristo perdoa, faz Ele primeiro penitente, e é
função do Espírito Santo convencer do pecado. Aqueles cujo coração
foi movido pela convicção comunicada pelo Espírito de Deus, vêem
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que em si mesmos nenhum bem existe. Vêem que tudo que já
fizeram está misturado com o próprio eu e o pecado. Como o pobre
publicano, ficam a distância, não ousando erguer os olhos ao céu, e
clamam: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”
Lucas 18:13
.
Estes são abençoados. Há perdão para o penitente, pois Cristo é
“o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
João 1:29
. A
promessa de Deus é “Ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”. “E vos
darei um coração novo. ... E porei dentro de vós o Meu Espírito.”
Isaías 1:18
;
Ezequiel 36:26, 27
.
Dos humildes de espírito, diz Jesus: “Deles é o reino dos Céus.”
Este reino não é, como esperavam os ouvintes de Cristo, um domínio
temporal e terreno. Cristo estava a abrir aos homens o reino espiritual
de Seu amor, Sua graça, Sua justiça. A insígnia do reino do Messias
distingue-se pela imagem do Filho do homem. Seus súditos são os
humildes de espírito, os mansos, os perseguidos por causa da justiça.
Deles é o reino dos Céus. Conquanto não se tenha ainda realizado
plenamente, iniciou-se neles a obra que os tornará “idôneos para
participar da herança dos santos na luz”.
Colossences 1:12
.
Todos os que têm a intuição de sua profunda pobreza de alma e
vêem que em si mesmos nada possuem de bom, encontrarão justiça