Página 29 - O Maior Discurso de Cristo (2008)

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As bem-aventuranças
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“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia.” Mateus 5:7.
O coração do homem é, por natureza, frio, escuro e desagradável;
sempre que alguém manifeste espírito de misericórdia e perdão, fá-
lo, não de si mesmo, mas mediante a influência do divino Espírito a
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mover-lhe o coração. “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou
primeiro.”
1 João 4:19
.
É o próprio Deus a fonte de toda a misericórdia. Seu nome é
“misericordioso e piedoso”.
Êxodo 34:6
. Ele não nos trata segundo
os nossos merecimentos. Não indaga se somos dignos de Seu amor,
mas derrama sobre nós as riquezas desse amor, a fim de fazer-nos
dignos. Não é vingativo. Não busca punir, mas redimir. Mesmo a
severidade que mostra por meio de Suas providências, é manifes-
tada para salvação dos extraviados. Intensamente anela Ele aliviar
as misérias dos homens, e aplicar-lhes às feridas Seu bálsamo. É
verdade que Deus “ao culpado não tem por inocente” (
Êxodo 34:7
);
mas quereria tirar a culpa.
Os misericordiosos são “participantes da natureza divina”, e
neles encontra expressão o compassivo amor de Deus. Todos aqueles
cujo coração está em harmonia com o coração do Infinito Amor,
buscarão reaver e não condenar. A presença permanente de Cristo
na alma é uma fonte que jamais secará. Onde Ele habita, haverá uma
torrente de beneficência.
Ante o apelo do tentado, do errante, das míseras vítimas da ne-
cessidade e do pecado, o cristão não pergunta: São eles dignos? mas:
Como os posso eu beneficiar? Nos mais indignos, mais degradados,
vê almas para cuja salvação Cristo morreu, e para quem Deus deu a
Seus filhos o ministério da reconciliação.
Os misericordiosos são os que manifestam compaixão para com
os pobres, os sofredores e oprimidos. Jó declara: “Eu livrava o
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miserável que clamava, como também o órfão que não tinha quem
o socorresse. A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu
fazia que rejubilasse o coração da viúva. Cobria-me de justiça, e ela
me servia de vestido; como manto e diadema era o meu juízo. Eu
era o olho do cego, e os pés do coxo; dos necessitados era pai, e as
causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência.”
Jó 29:12-16
.