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O Maior Discurso de Cristo
A lei dada no Sinai era a enunciação do princípio do amor, a
revelação, feita à Terra, da lei do Céu. Foi ordenada pela mão de
um Mediador — proferida por Aquele por cujo poder o coração dos
homens podia ser posto em harmonia com os seus princípios. Deus
revelara o desígnio da lei, quando declarara a Israel: “Ser-Me-eis
homens santos.”
Êxodo 22:31
.
Mas Israel não percebera a natureza espiritual da lei, e com
demasiada frequência sua professada obediência não passava de
uma observância de formas e cerimônias, em vez de ser uma entrega
do coração à soberania do amor. Quando Jesus, em Seu caráter e
Sua obra, apresentava aos homens os santos, generosos e paternais
atributos de Deus, e lhes mostrava a inutilidade de meras formas
cerimoniais de obediência, os guias judaicos não recebiam nem
compreendiam Suas palavras. Achavam que Ele Se demorava muito
ligeiramente nos reclamos da lei; e quando lhes expunha as próprias
verdades que constituíam a alma do serviço que lhes era divinamente
indicado, eles, olhando apenas ao exterior, acusavam-nO de buscar
derribá-la.
As palavras de Cristo, conquanto proferidas com serenidade,
eram ditas com uma sinceridade e poder que moviam o coração do
povo. Em vão apuravam o ouvido à espera de uma repetição das
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mortas tradições e exações dos rabis. Eles se admiravam “da Sua
doutrina; porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como
os escribas”.
Mateus 7:29
. Os fariseus notavam a vasta diferença
entre sua maneira de instruir e a de Cristo. Viam que a majestade, a
pureza e beleza da verdade, com sua profunda e branda influência,
estavam tomando posse de muitos espíritos. O divino amor do Salva-
dor, Sua ternura, para Ele atraíam os homens. Os rabis viam que, por
Seus ensinos, era reduzido a nada todo o teor das instruções por eles
ministradas ao povo. Ele estava derribando a parede divisória que
tão lisonjeira era ao seu orgulho e exclusivismo; e temiam que, caso
isso fosse permitido, deles afastasse inteiramente o povo. Seguiam-
nO, portanto, com decidida hostilidade, esperando encontrar ocasião
para fazê-Lo cair no desagrado das multidões, habilitando assim o
Sinédrio a conseguir Sua condenação à morte.
No monte, Jesus estava de perto sendo observado por espias; e,
ao desdobrar Ele os princípios da justiça, os fariseus fizeram com que
se murmurasse que Seus ensinos estavam em oposição aos preceitos