Página 77 - O Maior Discurso de Cristo (2008)

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O verdadeiro motivo no serviço
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considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo.”
Filipenses
3:13, 14, 8
.
Mas quando os olhos se acham cegados pelo amor do próprio
eu, não há senão trevas. “Se, porém, os teus olhos forem maus, o
teu corpo será tenebroso.” Era essa terrível cegueira que envolvia
os judeus em obstinada incredulidade, tornando-lhes impossível
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apreciarem o caráter e a missão dAquele que viera salvá-los de seus
pecados.
O ceder à tentação começa ao permitirdes que a mente vacile,
seja inconstante na confiança em Deus. Se não preferirmos entregar-
nos inteiramente a Deus, achamo-nos então em trevas. Quando
fazemos qualquer reserva, deixamos aberta uma porta pela qual
Satanás pode entrar para nos extraviar com suas tentações. Ele sabe
que, se nos puder obscurecer a visão de maneira que os olhos da fé
não possam ver a Deus, não haverá barreira contra o pecado.
A predominância de um desejo pecaminoso revela a ilusão da
alma. Cada condescendência com aquele desejo, avigora a aversão
da alma para com Deus. Ao seguirmos a senda escolhida por Satanás,
encontramo-nos envolvidos pelas sombras do mal, e cada passo leva
a uma treva mais densa e aumenta a cegueira do coração.
A mesma lei que rege o mundo natural, domina o espiritual.
Aquele que permanece nas trevas perderá por fim a faculdade da
visão. Fica encerrado por uma treva mais profunda que a da meia-
noite; e para ele o mais luminoso meio-dia não pode trazer nenhuma
luz. “Anda em trevas e não sabe para onde deva ir; porque as trevas
lhe cegaram os olhos.”
1 João 2:11
. Nutrindo persistentemente o mal,
desatendendo voluntariamente as súplicas do divino amor, perde
o pecador o amor do bem, o desejo em torno de Deus, a própria
capacidade de receber a luz do Céu. O convite da misericórdia ainda
é cheio de amor, a luz fulgura ainda tão resplandecente como quando
raiou a princípio em sua alma; mas a voz cai em ouvidos moucos, a
luz em olhos cegos.
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Alma alguma é abandonada por Deus, entregue a seus próprios
caminhos, enquanto houver qualquer raio de esperança quanto a
sua salvação. “O homem se desvia de Deus, não Deus do homem.”
Nosso Pai celestial acompanha-nos com apelos e advertências e
afirmações de compaixão, até se tornarem de todo inúteis posteriores
oportunidades e privilégios. A responsabilidade fica com o pecador.