Capítulo 1
Desde a queda no Éden, a raça tem estado a degenerar. Deformi-
dade, imbecilidade, doença e sofrimento humano têm oprimido mais
e mais pesadamente cada geração que se sucede desde a queda, e
todavia as massas se acham adormecidas quanto às causas reais. Não
consideram serem elas mesmas culpadas, em grande medida, deste
deplorável estado de coisas. Acusam geralmente a Providência de
seus sofrimentos, e consideram a Deus o autor de seus infortúnios.
É, porém, a intemperança, em maior ou menor grau, que se encontra
à base de todo esse sofrimento.
Eva foi intemperante em seus desejos quando estendeu a mão
para apanhar o fruto proibido. A satisfação própria tem dominado
quase suprema no coração dos homens e mulheres desde a queda.
Especialmente o apetite tem sido objeto de condescendência, e eles
têm sido controlados por ele em vez de o serem pela razão. Por
amor da satisfação do paladar, Eva transgrediu o mandamento de
Deus. Ele lhe dera tudo quanto lhe era necessário, e no entanto
ela não estava satisfeita. Desde então, seus filhos e filhas caídos
têm seguido os desejos de seus olhos e de seu gosto. Têm, como
Eva, desconsiderado as proibições feitas por Deus, e seguido uma
direção de desobediência, e, como Eva, têm-se lisonjeado de que as
conseqüências não seriam tão terríveis como se temera.
O homem tem menosprezado as leis de seu ser, e a doença foi
indo em decidido aumento. A causa se tem feito seguir do efeito. Ele
não se tem satisfeito com o alimento mais saudável; antes agrada a
seu paladar mesmo à custa da saúde.
Deus estabeleceu as leis de nosso ser. Caso violemos essas leis,
temos de, mais cedo ou mais tarde, pagar a pena. As leis de nosso
ser não podem ser violadas com mais êxito do que acumulando no
estômago alimento nocivo, por ser desejado por um apetite mórbido.
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Comer excessivamente, mesmo de alimento simples, terminará por
debilitar os órgãos digestivos; acrescente-se a isso, porém, o comer
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