Capítulo 5
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de uma a outra pessoa, sendo por todos amimada. Há, porém, um
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mal maior do que os mencionados. A criança é exposta a um ar
viciado, causado pelos muitos hálitos, alguns dos quais são muito
ofensivos e prejudiciais até para os pulmões fortes de pessoas adul-
tas. Os pulmões do pequeno sofrem, e tornam-se enfermiços pela
inalação do ar de um aposento intoxicado pelo hálito poluído dos
fumantes. Muitas crianças ficam intoxicadas de modo a não haver
mais remédio, por dormir na cama dos pais fumantes. Inalando as
emanações tóxicas do fumo, expelido dos pulmões e dos poros da
pele, o organismo da criança enche-se de veneno. Ao passo que ele
age em alguns como veneno lento, afetando o cérebro, o coração,
o fígado e os pulmões, ficam estes mais fracos e se degradam; so-
bre outros tem efeito mais direto, causando espasmos, desmaios,
paralisia e morte repentina. Os consternados pais choram a perda de
seus queridos, e duvidam da misteriosa providência de Deus, que tão
cruelmente os afligiu, quando a Providência não pretendia a morte
desses infantes. Morreram mártires da imunda concupiscência do
fumo. Os pais, ignorantemente mas não menos certamente matam
seus filhinhos pelo nauseante tóxico. Cada exalação dos pulmões
do escravo do fumo, intoxica o ar ao seu redor. Os infantes devem
ser conservados livres de tudo que tenha o efeito de excitar o sis-
tema nervoso, e devem, quer despertos quer dormindo, dia e noite,
respirar uma atmosfera limpa, pura e saudável, livre de qualquer
contaminação de veneno.
Outra grande causa da mortalidade infantil e juvenil, é o costume
de deixar-lhes os braços e ombros desnudos. Esta moda não pode
ser censurada com demasiada severidade. Tem custado a vida de
milhares. O ar, banhando os braços e pernas e circulando pelas axi-
las, resfria essas partes sensíveis do corpo, tão próximas dos órgãos
vitais, e estorva a sadia circulação do sangue, induzindo a doença, es-
pecialmente dos pulmões e cérebro. Os que consideram a saúde dos
filhos de mais valor do que tolas lisonjas das visitas, ou a admiração
de estranhos, hão de sempre vestir os ombros e braços de seus deli-
cados bebês. Freqüentemente tem sido chamada a atenção da mãe
para os braços e mãos vermelhos da criança, e ela tem sido advertida
acerca de sua prática destruidora da saúde e da vida; e a resposta
muitas vezes tem sido: “Eu sempre visto meus filhos desta maneira.
Eles se acostumam a isso. Não suporto ver cobertos os braços de