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Parábolas de Jesus
A fazenda que de forma egoísta pedira de seu pai, dissipou com
meretrizes. Os tesouros de sua varonilidade foram esbanjados. Os
preciosos anos de vida, a força do intelecto, as brilhantes visões da
juventude, as aspirações espirituais — tudo foi consumido no fogo
do prazer.
Houve uma grande fome na Terra; ele começou a padecer ne-
cessidade, e foi-se a um cidadão do país, que o mandou ao campo
para apascentar porcos. Para um judeu esta ocupação era a mais vil
e degradante. O jovem que se gloriava de sua liberdade, vê-se agora
escravo. Está na pior das escravaturas — “com as cordas do seu
pecado, será detido”.
Provérbios 5:22
. O brilho falso que o atraía de-
sapareceu, e sente o peso dos seus grilhões. Naquela terra desolada e
atingida pela fome, sentado no chão, sem outros companheiros senão
os porcos, é constrangido a encher o estômago com as bolotas com
que eram alimentados os animais. De todos os alegres companheiros
que o rodeavam nos seus dias prósperos, e que comiam e bebiam a
sua custa, nem um único ficou para animá-lo. A que se reduziu a sua
orgíaca alegria? Sufocando a consciência e aturdindo os sentimentos,
achava-se feliz; porém agora, sem dinheiro, com fome não saciada,
com o orgulho humilhado, a natureza moral atrofiada, a vontade
enfraquecida e indigna de confiança, seus sentimentos mais nobres
aparentemente mortos, é o mais miserável dos mortais.
Que quadro nos é apresentado da condição do pecador! Embora
envolto pelas bênçãos do amor de Deus, nada há que o pecador,
inclinado à satisfação própria e aos prazeres pecaminosos, mais
deseje do que a separação de Deus. Como o filho ingrato, reclama
as boas coisas de Deus, como suas por direito. Recebe-as como
coisa muito natural, não agradece nem presta serviço algum de amor.
Como Caim saiu da presença do Senhor para procurar morada; como
o filho pródigo partiu “para uma terra longínqua” (
Lucas 15:13
),
assim, no esquecimento de Deus, procuram os pecadores a felicidade.
Romanos 1:28
.
Qualquer que seja a aparência, toda vida centralizada no eu,
está arruinada. Todo aquele que procura viver separado de Deus,
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dissipa seus bens. Desperdiça os preciosos anos, esbanja as forças do
intelecto, do coração e da alma, e trabalha para a sua eterna perdição.
O homem que se aliena de Deus, para servir a si mesmo, é escravo
de Mamom. A mente, que Deus criou para a companhia de anjos,