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Parábolas de Jesus
todo o ano dos pobres e indigentes. E essas ceias encerravam uma
lição mais ampla. As bênçãos espirituais, prodigalizadas a Israel,
não eram para eles somente. Deus lhes dera o pão da vida, para que
o repartissem com o mundo.
Essa tarefa não executaram. As palavras de Cristo eram-lhes
uma censura ao egoísmo. Desagradavam aos fariseus. Desejando
desviar o rumo da conversa, um deles exclamou com ares de beato:
“Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus!”
Lucas 14:15
.
Esse homem falou com grande confiança, como se estivesse certo de
um lugar no reino. Sua atitude era semelhante à dos que se alegram
com ser salvos por Cristo, conquanto não preencham as condições
sob que a salvação é prometida. Seu espírito era idêntico ao de
Balaão, quando orava: “A minha alma morra da morte dos justos, e
seja o meu fim como o seu.”
Números 23:10
. O fariseu não pensava
em sua aptidão para o Céu, mas naquilo em que esperava deleitar-se
lá. Sua observação destinava-se a desviar do tema de seus deveres
práticos, a atenção dos convidados à ceia. Desejava dirigi-los da
vida presente ao remoto tempo da ressurreição dos justos.
Cristo leu o coração do dissimulador e, dirigindo-lhe o olhar,
expôs aos convidados o caráter e o valor de seus privilégios presentes.
Indicou-lhes que, a fim de partilharem das bem-aventuranças futuras,
tinham uma obra para fazer neste tempo.
“Um certo homem”, disse, “fez uma grande ceia e convidou
a muitos.”
Lucas 14:16
. Chegado o tempo da celebração, o que
convidava enviou seus servos com uma segunda mensagem aos
hóspedes esperados: “Vinde, que já tudo está preparado.”
Lucas
14:17
. Estranha indiferença manifestou-se, porém. “Todos à uma
começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo
e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse:
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Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me
hajas por escusado. E outro disse: Casei e, portanto, não posso ir.”
Lucas 14:18-20
.
Nenhuma das escusas tinha base em necessidade real. O homem
que precisava sair a ver seu campo, já o comprara. Sua pressa de ir
vê-lo era devida a que seu interesse estava absorvido pela aquisição.
Os bois, também, tinham sido comprados. O exame dos mesmos
só devia satisfazer à curiosidade do comprador. Também a terceira
desculpa não tinha melhor motivo. A circunstância de o convidado